Muitas arestas ainda precisam ser aparadas de acordo com Estadão, para que a fusão entre o DEM e o PSL, decidida nesta quarta-feira (6) nasça como uma força política uníssona em São Paulo, maior colégio eleitoral do país. No caso do DEM, o diretório paulista tem uma agenda própria, alinhada com a do governador João Doria (PSDB), e não pretende mudar por causa dos planos dos demais dirigentes do novo partido, que se chamará União Brasil.
“O corpo do DEM vai para Doria e Rodrigo Garcia”, disse a revista Veja o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, cuja família comanda o diretório democrata paulista. Ele afirma que, ainda antes da fusão, a sigla já tinha planos divergentes de ACM Neto e do diretório nacional do partido. Leite tem indicados na Secretaria de Transportes de Doria e abençoou a saída do vice-governador, Rodrigo Garcia, do DEM para o PSDB, ocorrida neste ano, em um acordo que envolveu, para o ano que vem, a garantia de que seria do DEM a vaga de vice em uma chapa encabeçada por Garcia para a disputa do Palácio dos Bandeirantes.
Segundo Leite, mesmo que o União Brasil acene para um apoio em São Paulo a uma candidatura de Geraldo Alckmin, que está de saída do PSDB e pode ir para o PSD de Gilberto Kassab, a bancada paulista da sigla vai fazer valer os acordos já firmados.
Entre os democratas de São Paulo, já havia ainda um plano de apresentar uma chapa completa em 2022, com a meta de eleição de oito deputados federais (hoje são cinco). Como os deputados do PSL serão inseridos nesse projeto, entretanto, ainda não está definido.
O presidente do diretório Paulista do PSL, Júnior Bozzella, disse que a posição de Leite é “legítima” e que ele “acha até bonito a lealdade” de Leite para com Garcia. “O Rodrigo foi do DEM por muitos anos e compõe o mesmo grupo que o Milton. É legítimo que ele (Leite) se posicione assim. Está sendo fiel à sua base política.”
Entretanto, Bozzella afirma que o apoio a esse projeto ou a outro — além de Alckmin, ele cita ainda a possibilidade de apoiar a candidatura de Arthur do Val (Patriota) ao Bandeirantes — vai ser uma decisão nacional que ao menos os oriundos do PSL na nova sigla irão acatar. “São Paulo, como maior estado do país, precisa considerar o projeto de República que o partido irá propor”.
Uma das questões práticas em aberto, que ainda será objeto de discussão, é como se dará a divisão no estado da verba dos fundos partidário e eleitoral entre as duas alas da nova legenda.