quarta-feira 25 de dezembro de 2024
Home / JUSTIÇA / APEB se manifesta contra a Reforma Administrativa e vê desmonte do serviço público
quinta-feira 29 de abril de 2021 às 18:42h

APEB se manifesta contra a Reforma Administrativa e vê desmonte do serviço público

JUSTIÇA, NOTÍCIAS


A Associação dos Procuradores do Estado da Bahia (APEB) se manifestou contra o encaminhamento da Reforma Administrativa (PEC 32/2020), de autoria do Poder Executivo, que traz como um de seus propósitos o de permitir, por leis ordinárias, alterar as atribuições ou promover a extinção de cargos e carreira, reduzir o salário de ingresso no serviço público, revogando normas relacionadas ao regime jurídico único e ataques aos princípios do artigo 37 da Constituição Federal.

De acordo com a procuradora Cristiane Guimarães, presidente da APEB e segunda vice-presidente da ANAPE, associação que reúne os procuradores de estado em nível nacional, a PEC 32 / 2020, em linhas gerais, promove a quebra dos direitos, remetendo para leis complementares e ordinárias; o fim do Regime Jurídico Único, com a instituição de novas modalidades de contratação e as formas de ingresso; o fim ou redução da estabilidade como regra para os cargos típicos de Estado; e significa um ataque aos direitos dos atuais servidores, com o congelamento nominal de salário, falta de reposição inflacionária, e a vedação de concursos públicos por longo período.

Mais que isso, segundo Cristiane Guimarães, a migração de competências do Congresso Nacional para a Presidência da República para extinguir cargos e órgãos da Administração Pública e a transferência de execução de serviços públicos da União para Estados e Municípios e entidades privadas vai, já no curto prazo, comprometer toda a qualidade do serviço público e impactar na prestação desses serviços, principalmente, aos mais vulneráveis: “Ao investir contra os servidores, a proposta ataca consequentemente a sociedade, que necessita de um atendimento público de qualidade, realizado por pessoas compromissadas com a coisa pública”, explica.

“Apesar da Reforma Administrativa fazer parte da PEC Emergencial, aprovada no Senado e na Câmara dos Deputados, é importante relembrar que a proposta vem de 2019, antes da pandemia, e está sendo usada como forma de emplacar medidas há muito desejadas pela equipe econômica”, afirma Cristiane Guimarães. No entendimento da procuradora, a PEC 32/2020 reflete uma opção político-ideológica de desmonte do Estado e faz parte de um projeto que pode destruir o serviço público, com consequências negativas para toda sociedade, pois ao dizer que impede o Estado de expandir gastos com pessoal e políticas sociais, acaba por ampliar o espaço para gastos discricionários.

Cristiane Guimarães relembra que nos Estados e Município estão concentrados 90% do quantitativo de servidores e que estes são responsáveis pelo atendimento que mais impacta o dia a dia do brasileiro, como servidores da saúde, educação, segurança, sistema de Justiça. “Em linhas gerais, são profissionais que ganham pouco e que mostraram durante a pandemia que a principal garantia de sobrevivência é a existência de instituições sólidas, alicerçadas em profissionais que servem ao país, e não a um projeto político passageiro.

Na PEC Emergencial há outras medidas muito delicadas, como a vedação da criação ou ampliação de políticas públicas sociais, a redução de benefícios e incentivos fiscais, como as deduções no imposto de renda das despesas com saúde e educação e a isenção do IR de idosos e pessoas aposentadas por invalidez, as quais atingirão diretamente toda sociedade, inclusive os trabalhadores da iniciativa privada

Veja também

Aceno do governo Lula ao centro para Senado em 2026 esbarra em disputas com o PT

A estratégia do governo Lula de buscar composições ao centro e até com a direita para …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!