O cacique Raoni Metuktire foi ao Palácio do Planalto, no final da tarde desta quarta-feira (9), na esperança de que o presidente Lula (PT) pudesse recebê-lo, o que não ocorreu.
O líder dos kayapós, referência na luta por direitos dos povos originários e pelo meio ambiente, fez um parada em Brasília durante retorno de Nova York (EUA) e tentou o encontro fora da agenda com o chefe do Executivo.
Ele foi recebido por um auxiliar de Lula e ficou no saguão do Planalto por cerca de 20 minutos, enquanto esperava a confirmação de que nesta quarta não seria possível. Este auxiliar disse que ligaria na quinta pela manhã para dizer se há horário disponível para o encontro.
Lula teve reuniões fechadas nesta tarde para resolver sanções e vetos de projetos. Chegou a adiar agenda que teria com Marina Silva (Meio Ambiente) e Rui Costa (Casa Civil).
Segundo um assessor de Raoni, a ideia era combinar uma data para Lula visitar a Terra Indígena Capoto/Jarina, no Mato Grosso, onde mora, e lá discutir demarcação de terras indígenas.
Ele vai pedir agilidade do governo federal no processo de demarcação de Kapôt Nhinore, território onde seu pai está enterrado e próximo de onde vive hoje. A TI fica no Xingu e foi delimitada em 2023.
Raoni subiu a rampa ao lado de Lula durante a posse presidencial, em 2023. Mas mais recentemente, tem adotado um tom mais crítico ao governo.
O cacique diz que “muitas coisas melhoraram” para os indígenas e o ambiente com a troca de Bolsonaro —a quem criticava— por Lula. Mas reitera o apelo por demarcações de terra, reivindicação que faz ao presidente desde a posse.
“O que peço a Lula e a todos é colaboração contra a destruição da natureza. Precisamos de equilíbrio no ambiente e no clima, antes que a Terra pegue fogo”, afirmou à Folha, em setembro. As respostas foram traduzidas da língua mebêngôkre (kayapó) por Takakpe Metuktire, neto de Raoni e assessor do instituto que leva seu nome.
O cacique tem batido de frente com Lula por causa da construção da Ferrogrão, ferrovia cujo traçado corta a Amazônia margeando áreas indígenas. Ele cobra do governo consulta aos envolvidos, o fim do marco temporal e coordenação com ministros e governadores para “manter a floresta de pé”.