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segunda-feira 25 de setembro de 2023 às 10:16h

Anvisa aprova novo remédio para diabetes que promove perda de peso inédita

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) acaba de anunciar a aprovação da tirzepatida (nome comercial Mounjaro) para o tratamento do diabetes tipo 2. Trata-se segundo Diogo Sponchiato, da Veja Saúde, de uma medicação injetável de uso semanal bastante aguardada por médicos e pacientes após estudos anunciarem efeitos significativos no controle da glicemia e do peso corporal.

O remédio, desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, inaugura uma nova classe terapêutica que simula a ação de dois hormônios naturalmente produzidos pelo organismo, o GLP-1 e o GIP. Essa atuação estimula a liberação de insulina pelo pâncreas, desacelera o esvaziamento do estômago e eleva a sensação de saciedade, contribuindo para o equilíbrio dos níveis de açúcar no sangue e a perda de peso – fator que também favorece o controle do diabetes.

Nos estudos clínicos com o medicamento, mais da metade dos participantes alcançou índices considerados normais de hemoglobina glicada, exame que dá uma média do comportamento da glicemia nos últimos três meses. Além disso, os pacientes perderam, em média, 12,4 kg, o dobro do que foi obtido pelas pessoas que usaram a semaglutida, fármaco com o qual a tirzepatida foi comparada.

O laboratório celebra os resultados como “sem precedentes”.

“Além de ser a medicação com maior potência glicêmica já aprovada até hoje, ela conseguiu fazer com que indivíduos com diabetes tivessem, na média, um controle glicêmico semelhante ao de pessoas sem diabetes”, diz o endocrinologista Bruno Halpern, do Hospital das Clínicas de São Paulo e um dos pesquisadores envolvidos nos ensaios clínicos com a tirzepatida.

“Nos últimos anos, mesmo antes de ser lançado lá fora, o remédio já vinha sendo a estrela de todos os congressos da nossa especialidade médica”, comenta o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, colunista da revista Veja, que não participou dos estudos com a droga.

O sinal verde concedido pela Anvisa foi amparado em um conjunto de dez estudos envolvendo, ao todo, mais de 19 mil pessoas com diabetes tipo 2 pelo mundo, inclusive no Brasil. Por aqui, 1 500 voluntários participaram da pesquisa, que englobou mais de 50 investigadores e 65 centros médicos.

Especialistas veem no remédio um divisor de águas no tratamento da doença, que afeta mais de 15 milhões de brasileiros. “Estamos falando de um medicamento que possibilita ao paciente atingir metas glicêmicas semelhantes às de uma pessoa sem diabetes, e que ajuda a controlar o peso quando aliado a dieta e exercício. Com isso, a melhora na qualidade de vida é excepcional”, afirmou a endocrinologista Denise Franco, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Regional São Paulo (Sbem/SP), que também atuou nos ensaios clínicos.

O Mounjaro, já aprovado nos Estados Unidos e na Europa para diabetes, ganhou o noticiário nos últimos meses por demonstrar, em estudos, uma redução inédita no peso corporal dos pacientes. Não à toa, também está sendo investigado para o tratamento da obesidade em si. Em algumas pesquisas, a redução de peso chegou a superar 20% e a bater os 30%, índice comparável ao da cirurgia bariátrica.

E essa é uma vantagem inclusive no contexto do diabetes tipo 2 – afinal, estima-se que a maioria dos pacientes esteja acima do peso. “Medicações que tenham efeito no peso, como é o caso da tirzepatida, agregam ainda mais no tratamento, ajudando no controle não só da glicemia, mas de todas as outras complicações que o excesso de peso traz nesses indivíduos”, explica Halpern.

Após a liberação pela Anvisa, o Mounjaro será precificado pelo governo. Ainda não há uma data exata para o início da comercialização nas farmácias.

“A chegada do remédio nos próximos meses é uma notícia e tanto. Só cabe ponderar que não existe milagre no tratamento do diabetes. É preciso ter o engajamento do paciente e lembrar que o estilo de vida saudável é a base do tratamento ao lado dos remédios”, afirma Couri.

Por ora, convém frisar, a aprovação no país não inclui o uso exclusivo para emagrecimento.

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