A expectativa para o aumento da taxa de juros no bloco europeu para combater a inflação é destaque na imprensa francesa desta quinta-feira (21). Na capa, Le Figaro diz que “chegou a hora da verdade para a presidente do Banco Central Europeu, a francesa Christine Lagarde”. Nas próximas horas, a instituição vai revelar o novo índice, “um momento histórico”, depois de décadas com juros próximos de zero ou negativos.
Essa será a primeira vez em 11 anos que a taxa, atualmente em -0,5%, será impulsionada. Le Figaro destaca que “a equação se mostra delicada diante do risco de recessão na Europa” no segundo semestre, já que o aumento dos juros combate a inflação, mas tem o efeito colateral de desacelerar a economia.
Em editorial, o jornal saúda a decisão do BCE de “enfim” subir o índice 0.25 ou até 0.5 ponto percentual. “Alguns julgarão que essa iniciativa é tímida ou tardia demais, mas ninguém terá muito o que criticar: a inflação está tão forte na Europa que todas as iniciativas visando a parar a valsa das etiquetas de preços devem ser adotadas”, argumenta o texto.
Riscos de novas crises
O jornal econômico Les Echos também ressalta que, “o que quer que aconteça, a reunião do BCE será histórica”. O diário econômico frisa que Lagarde também deve anunciar medidas para evitar uma nova crise das dívidas dentro do bloco, já que o aumento dos juros vai imediatamente resultar numa alta do crédito que os países têm de honrar. Para alguns deles, como a Itália, a notícia poderá se transformar numa bola de neve de difícil controle.
Na capa do jornal Libération, o destaque é o plano europeu para os países pouparem energia, um dos principais motores da inflação que chega a 8,6% ao ano na zona do euro. A palavra de ordem agora é “sobriedade energética”: os europeus deverão economizar 15% da energia consumida para não piorar ainda mais a situação econômica, em meio ao risco de a Rússia cortar o fornecimento de gás ao bloco.