“Com 11 anos, ACM Neto fundou o grêmio estudantil do Colégio Maristas”, diz o amigo de infância Leo Prates
Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Neto, 40 anos. O prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, atualmente considerado por muitos como sendo um dos políticos mais bem preparados do país.
Sua mãe, Rosário Magalhães, conta que, “aos 4 ou 5 anos, ele já dizia que ia ser político, tinha verdadeira convicção disso, e era uma coisa dita com tanta firmeza que me deixava impressionada”. Sentava-se perto do avô, ainda antes que ACM se tornasse uma sigla, para ouvir, mesmo a distância, as conversas sobre política. Sempre quis ouvir e aprender tudo. Nos períodos eleitorais, ia para as ruas distribuir panfletos, pedir votos. “Nunca tive dúvidas de que era esse meu caminho, desde criança”, afirmou Neto ao então jornal Correio da Bahia em outubro de 2012.
Amigo de infância do prefeito, o secretário de Saúde e deputado licenciado Leo Prates, destaca a precocidade como a principal marca da trajetória de Neto. Prates e Neto são amigos desde a infância, quase trinta anos e lembra que, aos 11 anos, Neto já havia fundado o grêmio estudantil do Colégio Maristas. Anos depois, enquanto o prefeito ainda cursava Direito na Ufba, começou a trilhar o caminho na política para além dos bancos escolares, quando se filou ao então PFL (atual DEM), partido do qual presidiu a ala jovem no estado e no país.
Prates lembra que em 2002, o amigo ACM Neto já formado, ensaiou um passo mais alto. Um dos amigos e colaboradores mais próximos do senador ACM lembra que, naquele ano, o avô queria que, inicialmente, o neto tentasse eleição para a Assembleia. O plano era lançá-lo deputado estadual, cargo que serviria como laboratório de experiência política para o pupilo.
“Mas o senador mudou de ideia antes da campanha, por causa de um desafeto. Como ACM tinha rompido com (o ex-deputado federal) Benito Gama, ele deixou o neto concorrer a uma vaga na Câmara para tirar votos do inimigo. Benito perdeu mesmo, mas Neto surpreendeu e levou a parada como o mais votado da Bahia”, confidenciou um outro aliado ao jornal Correio.
Com 400.275 votos, Neto se tornou deputado federal aos 23 anos, quatro a menos do que quando ACM chegou à Câmara, em 1954, aos 27, idade com a qual Neto se reelegeu em 2006, com votação ainda maior: 436.966. No Parlamento, estreitou os laços com o avô. “ACM, de início, não via muito futuro para ele na política. Achava que ele devia seguir a advocacia. Mas isso se reverteu com as viagens que faziam juntos a Brasília”, revela outro integrante da ‘sala e cozinha’ dos Magalhães.
“O avô ficou encantado e orgulhoso com o grau de responsabilidade e com o talento de Neto para a coisa, que se revelou nas comissões da Câmara e na época em que ele foi sub-relator da CPI dos Correios, no escândalo do mensalão. ACM deu todo o apoio, ensinou como andar nos meandros, pediu a aliados para ajudá-lo, e ele foi longe, mesmo novo”, completa o amigo da família. Mas a precocidade não é a única característica atribuída ao democrata.
“A vida toda ele foi obstinado e perfeccionista. Sempre foi o melhor aluno. Às vezes, eu tinha que mandar ele parar de estudar para brincar com os outros meninos”, recorda a mãe Rosário Magalhães. Ela lembra que, nos anos em que moravam no condomínio Bosque Suíço, em São Lázaro, Neto sempre evitava se meter nas traquinagens dos amigos. “Nunca me deu uma dorzinha de cabeça.
Ele, muito novo, sempre se comportou como homem”, garante. Nem uma molecagem, por menor que seja? “Não, nem uma. Graças a Deus!”, ri a mãe.
O bom comportamento não o impede, porém, de dedicar o tempo livre a uma das coisas que mais gosta: as festas, sobretudo o Carnaval. “Ah, disso ele não abre mão. E sabe dar seus passos”, completa o amigo Leo Prates, que lembra os anos em que o amigo era gordinho na infância, bem diferente do visual de agora, talhado em corridas e caminhadas. “Mas a malhação não é por causa só do visual, ele é preocupado com a saúde”, acrescentou a mãe ao jornal.
Personalidade
Contudo, amigos do democrata aceitaram falar sobre duas outras características de Neto, sob garantias reiteradas de anonimato. Primeiro, o cabelo sempre arrumado. “Ele não gosta que mexam no cabelo dele. Acho que é a única vaidade concreta de Neto”, diz um dos integrantes da turma do prefeito. A outra: “Rapaz, para sair dinheiro daquela carteira é difícil. A gente diz que ele tem uma cascavel escondida no bolso. Mas, não é que ele seja pão-duro, ele só é controlado, não torra dinheiro atoa por nada”, confidencia outro amigo.
Sobre a altura de Neto – que os adversários usam sem pudor e com doses de preconceito nas disputas eleitorais -, os mais íntimos do político asseguram que ele já não dá mais a mínima. “Sabe, meu filho amadureceu muito, aprendeu a não se deixar atingir”, analisa Rosário Magalhães.
Sobretudo porque, afirmou o ex-deputado federal José Carlos Aleluia, ele sabe que grande é o tamanho da responsabilidade que o espera em 2022. “Ele será governador, tenho certeza, e vai saber exercer a autoridade que a o estado e o cargo pedem. Isso é dele. Quem trabalhar com Neto sempre irá ouvir cobranças diárias para que façam o melhor. Raras vezes vi alguém desde de novo saber tanto o que quer e com tanta convicção”.