As histórias de Santo Amaro de Ipitanga, hoje município de Lauro de Freitas, foram relembradas na noite da última quarta-feira (16), por moradores antigos da cidade.
A freguesia de Santo Amaro de Ipitanga tinha esse nome pois cresceu a partir da igreja matriz de Santo Amaro de Ipitanga. Assim ficou até sua emancipação a partir de Salvador, em 1962, quando o vereador Paulo Moreira de Souza propôs substituir Santo Amaro de Ipitanga por Lauro de Freitas, homenageando o político baiano Lauro Farani Pedreira de Freitas, candidato a governador da Bahia e falecido na campanha de 1950 juntamente com Gercino Coelho (pai do ex-governador Nilo Moraes Coelho), em um acidente aéreo em Bom Jesus da Lapa.
Homenagem
Estes antigos moradores foram recebidos na quarta (16) na Câmara de Vereadores do município, onde foram homenageados, e reviveram o relato das suas memórias sobre os caminhos, as dunas, contos criados nas ruas, lazeres e festas eternizadas em um documentário produzido pelos alunos da Escola Municipal Ana Lúcia Magalhães e exibido na tela do Cine teatro.
De acordo com o professor Antônio Cláudio, a produção é uma iniciativa do Educa7, um projeto da Secretaria Municipal de Educação que incentiva a realização de trabalhos audiovisuais nas escolas da rede, com curtas de até sete minutos. “Em nossa escola, essa proposta para o filme do Educa7 foi trazida por uma aluna que gostava de ouvir as histórias da cidade contadas por sua avó. E deu esse resultado maravilhoso com resgate da nossa história. Assim nasceu o filme Memórias de Ipitanga apresentado aqui hoje”, disse.
Os 7 minutos de memórias foram transformados em um documentário de meia hora, que começa com um senhor guardando num buraco uma caixa com objetos que simbolizam episódios vividos aqui. Anos depois, esse pequeno baú é encontrado por jovens que mostram a uma senhora, avó de um deles, e ela explica o significado de cada objeto, como uma lasca do Pé do Oiti, o candeeiro de uma época em que não havia luz elétrica, a lanterna para o cinema da Base Aérea. E assim a história se mescla com relatos de pioneiros como Domingos Balaieiro, professor Paranhos, Dona Mirinha e muitos outros nomes conhecidos por todos. “Tomávamos banho no Rio Ipitanga, ali brincávamos enquanto nossas mães lavavam as roupas. Como seria bom fazer isto novamente”, lembrou.
O Terno de Reis, onde todos saiam fantasiados e, debaixo do frondoso pé de Oiti “o couro comia” como expressou Domingos Balaieiro. Eram horas de samba de roda debaixo da árvore símbolo da cidade. Dona Antônia da Luz contou que os funerais antigamente eram feitos dentro de casa. “Tinha que esperar a urna vir de Salvador”, contou. Em outro relato, Dona Marise disse que quem caia doente vinha para o Centro da cidade de rede. “Não tinha transporte, quem morava em Areia Branca vivo, doente ou morto vinha no lombo de rede. Por isso até hoje tenho pavor de rede”, disse rindo.
Assistindo a tudo na plateia e com os olhos cheios de emoção estavam os moradores protagonistas da história real como Antônia da Luz de Jesus, Dilza Leite dos Reis, Leonarda Pereira Franco (Dona Caçula), Wilson Pereira Franco, Emanuel Paranhos Correia, Domingos Ferreira da Cruz (Seu Balaeiro), Marize Gonçalves de Souza (Dona Pretinha), Dinalva Souza Pereira, Hilda dos Santos Figueiredo, Zumira Silva do Espírito Santo (Mirinha), Manuel Batista dos Santos (Menininho), Caetana dos Santos Moura (Cau), Nilton Leite, Helena Ferreira da Silva e Josélia Silva Santos.
Os vídeos sobre Santo Amaro de Ipitanga e as outras 20 produções podem ser assistidas através do site educa7minutos.blogspot.com. Em 2018 três filmes foram premiados e o projeto certificou mais de 150 jovens participantes.