quinta-feira 26 de dezembro de 2024
Home / JUSTIÇA / Antes de ser afastado, juiz da Lava-Jato reclamou de ações do MPF para ‘intimidar’ e criticou relator do TRF-4

Antes de ser afastado, juiz da Lava-Jato reclamou de ações do MPF para ‘intimidar’ e criticou relator do TRF-4

Eduardo Fernando Appio Estúdio i, da GloboNews - Foto: Reprodução
terça-feira 23 de maio de 2023 às 10:15h

Cinco dias antes de ser afastado da 13ª Vara Federal de Curitiba, o juiz Eduardo Appio defendeu conforme matéria de Nicolas Iory , no O Globo, a própria atuação à frente dos processos da Operação Lava-Jato e reclamou por estar trabalhando “praticamente sozinho”, além de ser ignorado pelo novo relator dos recursos na 2ª Instância, o desembargador Loraci Flores, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Desde que assumiu o cargo antes ocupado pelo agora senador Sergio Moro (União-PR), Appio acumulou uma série de reveses no TRF-4. O Tribunal reverteu decisões do juiz de Curitiba em casos envolvendo o advogado Rodrigo Tacla Duran, o ex-deputado Eduardo Cunha, o ex-doleiro Alberto Youssef e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral.

Em despacho assinado no fim da semana passada, Appio fez ataques velados ao desembargador Marcelo Malucelli, responsável por derrubar suas decisões nos episódios relacionados a Tacla Duran, Cunha e Youssef.

Appio relata que Malucelli é pai do advogado João Eduardo Malucelli, sócio de Moro e sua mulher, a deputada federal Rosângela Moro (União-SP), em um escritório de advocacia, além de namorar a filha mais velha do casal. Para o juiz federal, “havia sobradas dúvidas acerca da validade e da própria legitimidade dos atos praticados” pelo desembargador antes mesmo de ele se declarar suspeito para seguir na relatoria dos casos da Lava-Jato, em 20 de abril.

O magistrado disse que enviou dois ofícios ao novo relator no TRF-4, Loraci Flores, pedindo orientações sobre a validade dos atos de Malucelli, mas que está, “até o momento, sem nenhuma resposta”.

“Este juízo federal, por conseguinte (e visando evitar novo tumulto processual em recursos envolvendo a famigerada operação Lava-Jato seus desdobramentos no meio empresarial e político brasileiro, de maneira que até mesmo as eleições presidenciais foram impactadas pelas decisões judiciais tomadas) foi buscar junto ao próprio relator dos processos da Lava-Jato na 8ª turma recursal do TRF-4, as luzes necessárias para bem e prudentemente decidir nos casos”, escreveu Appio.

O juiz avalia que todos os atos de Malucelli devem ser considerados nulos e compara a situação com a de Moro, que teve a suspeição reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e viu os processos contra o agora presidente Luiz Inácio Lula da Silva serem anulados.

Em seu despacho, o juiz de Curitiba também rebate o presidente do TRF-4, desembargador Thompson Flores, que havia dito que Appio descumpriu decisão superior no caso envolvendo Cabral. O magistrado diz que a afirmação “não corresponde à verdade dos fatos” e que “não há, nunca houve e nunca haverá, descumprimento de decisão judicial” de sua parte.

A decisão de Flores se baseava no fato de que Appio estava impedido de assinar novos atos enquanto houvesse petições de suspeição pendentes. Para o juiz de Curitiba, essas petições que contestam sua atuação foram apresentadas “de forma genérica”, e representam “uma estéril tentativa de intimidar e tumultuar” os processos na 13ª Vara por parte “de alguns dos membros do MPF”, o Ministério Público Federal.

Appio também reclama que precisou ceder seis funcionários ao TRF-4 em dezembro, o que resultou em “um número absolutamente insuficiente de servidores em gabinete deste juiz federal, que trabalha praticamente sozinho”.

Por fim, o magistrado pede que o desembargador Loraci Flores seja oficiado com urgência, pela terceira vez, para que indique “de que maneira agir em relação aos recursos” julgados pelo desembargador Malucelli.

Veja também

Deputado quer que cooperativas usem fundo para financiar projetos de tecnologia

O deputado federal Tião Medeiros (PP-PR) apresentou um projeto de lei para garantir que as cooperativas tenham …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!