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quinta-feira 16 de março de 2023 às 14:03h

Anderson Torres evita incriminar Bolsonaro em depoimento ao TSE

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No depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres evitou segundo a colunista Malu Gaspar, do O Globo, incriminar Jair Bolsonaro (PL) na ação que pode declarar o ex-presidente inelegível e impedi-lo de disputar eleições pelos próximos oito anos. Torres depôs por 90 minutos na condição de testemunha numa ação movida pelo PDT contra o ex-ocupante do Palácio do Planalto.

Anderson Torres não explicou a autoria do texto que criava um certo “estado de defesa” no TSE, dando poderes ao ex-presidente Jair Bolsonaro para interferir na atuação da Corte – o que é flagrantemente inconstitucional.

O ex-ministro da Justiça também foi perguntado três vezes no depoimento se Jair Bolsonaro sabia da minuta golpista.

Torres disse que nunca falou sobre o assunto com Bolsonaro e insistiu que que o documento não foi entregue para o ex-presidente da República. Alegou apenas que recebeu a minuta golpista de sua assessoria, mas não deu o nome a ninguém.

Também foi confrontado com a sua própria alegação de que o texto era “folclórico”, “loucura” e “lixo”. Ora, apontaram os advogados do PDT, se o texto era “folclórico” e um “lixo”, por que estava guardado em sua casa, conforme foi encontrado por agentes da Polícia Federal?

O ex-ministro da Justiça ainda foi cobrado no depoimento quanto ao dever funcional de alertar as autoridades sobre o teor do documento, considerando a ameaça à democracia.

Anderson Torres procurou então minimizar a gravidade do episódio. Disse que só tinha lido o início da minuta, que nem tinha se dado ao trabalho de fazer a leitura de todo o documento. “Comecei a ler, era uma loucura”, desconversou.

E insistiu que o documento havia sido guardado em sua casa para “descarte”.

“Anderson Torres não deu explicação sobre o documento, que não é apócrifo, foi feito pelo governo e há uma tentativa de não dar nome a quem forjou isso. O depoimento não explica que um texto tão grave contra a democracia possa estar nas mãos de um ministro de Estado”, disse à equipe da coluna o advogado do PDT Walber Braga.

Ao final do depoimento, a defesa de Jair Bolsonaro avisou que pediria ao TSE para que o teor da fala de Anderson Torres fosse mantido sob sigilo. Antes, os advogados do ex-presidente haviam tentado impedir a realização do interrogatório.

Nomeado para a Secretaria de Segurança Pública do DF, Anderson Torres foi preso por decisão do STF após os atentados terroristas que culminaram com a invasão e depredação da sede dos três poderes. Ele está detido num batalhão da Polícia Militar no Guará, região administrativa da capital federal, de onde prestará depoimento ao TSE, por videoconferência.

Em janeiro, a defesa de Bolsonaro alegou ao TSE que a minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro é “apócrifa”, nunca foi publicada e “nunca extravasou o plano da cogitação”.

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