O número de mortos por Covid-19 na América Latina e no Caribe ultrapassou a marca de 1 milhão neste último domingo (23) em meio ao agravamento da pandemia na região, de acordo com levantamento da Universidade Johns Hopkins.
Das montanhas da Bolívia a São Paulo, a pandemia inundou os sistemas de saúde subfinanciados depois de se espalhar rapidamente por países onde muitas pessoas sobrevivem com dificuldades e não conseguem permanecer em isolamento social.
No Peru, uma das nações mais atingidas na região, pacientes de Covid-19 morreram em corredores de hospitais lotados da capital Lima. Em Manaus, capital do Amazonas, moradores morreram por falta de oxigênio no início do ano.
Com casos caindo na Europa, Ásia e América do Norte, e estáveis na África, a América do Sul é a única região em que novas infecções estão crescendo rapidamente em uma base per capita, de acordo com a publicação Our World in Data. Atualmente, porém, é a Índia que está lutando contra um dos piores surtos do mundo.
Na média em maio, 31% das mortes por Covid-19 no mundo ocorreram na América Latina e no Caribe — onde vivem apenas 8,4% da população global.
Médicos e epidemiologistas dizem que a pandemia de coronavírus pegou governos despreparados de surpresa no ano passado e seu impacto foi agravado por líderes que minimizaram sua gravidade e não conseguiram garantir o fornecimento de vacinas em tempo hábil.
Os oito países que registraram maior número de mortes por Covid-19 per capita na semana passada foram todos na América Latina.
“Em vez de nos prepararmos para a pandemia, minimizamos a doença, dizendo que o calor tropical desativaria o vírus”, disse o dr. Francisco Moreno Sanchez, chefe do programa Covid-19 em um dos principais hospitais do México e crítico do plano de vacinação do governo.
Com o número de mortos aumentando constantemente, os cemitérios de vários países foram forçados a expandir fileiras e mais fileiras de novas sepulturas. Em uma ruptura com a cultura tradicional predominantemente católica da região, os mortos costumam ser enterrados com poucos ou nenhum parente para se despedir.
Brasil
Com 446 mil mortes, o Brasil, que se tornou um epicentro do coronavírus, foi o país com mais mortos na região e o segundo no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
Na América Latina, o Brasil é seguido em número de óbitos por México e Colômbia, e juntos representam cerca de 74% de todas as mortes na América Latina.
Em termos globais, o Brasil é o terceiro país mais afetado em casos confirmados de Covid-19, atrás da Índia e dos Estados Unidos.
O governo do presidente Jair Bolsonaro, um cético em relação às vacinas e crítico do isolamento, está sendo investigado por uma CPI a respeito de sua condução da pandemia.
A média diária de mortos na América do Sul diminuiu em maio para 3.872, de 4.558 em abril, de acordo com uma análise da Reuters. Mas os casos estão aumentando novamente e as mortes são um indicador lento, geralmente aumentando semanas depois de um surto de novas infecções.
A vacinação na América do Sul está atrás de grande parte do mundo. Na América do Sul, apenas 15% das pessoas receberam pelo menos uma dose, em comparação com 28% na Europa e 34% na América do Norte. Apenas Ásia e África estão abaixo, com 5% e 1%, respectivamente, de acordo com Our World in Data até 19 de maio.