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segunda-feira 7 de fevereiro de 2022 às 17:30h

Alianças locais tornam incertas candidaturas de governadores do Nordeste ao Senado

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Segundo o Estadão, diversas dificuldades estariam surgindo na formação de alianças locais para a sucessão estadual, e por isso, emperram o lançamento das pré-candidaturas de parte dos governadores do Nordeste ao Senado. Já reeleitos em 2018, a maioria a partir de chapas partidárias amplas, nomes como Rui Costa (PT-BA), Camilo Santana (PT-CE) e Paulo Câmara (PSB-PE) reveem a intenção de deixar o cargo ou adiam a decisão em função do impacto que a renúncia antecipada pode ter na tentativa de seus grupos políticos permanecerem no poder.

A menos de dois meses do prazo de desincompatibilização – 2 de abril -, as costuras são acompanhadas de perto pelos presidenciáveis, que buscam assegurar seus palanques ou até mesmo ampliá-los. Com o apoio declarado de quase todos os governadores da região, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi decisivo para a definição do cenário no Maranhão, onde o vice-governador, Carlos Brandão, anunciou que trocará o PSDB pelo PSB com o aval do petista e de Flávio Dino (PSB).

O acordo libera Dino a disputar o Senado e a participar mais ativamente da campanha de Lula, estratégia que o PT ainda espera poder repetir em outros Estados. O cenário atual, no entanto, é de indefinição. Até mesmo no Piauí, onde Wellington Dias (PT-PI) lidera com folga as pesquisas e sua saída é dada como certa por aliados, o governador prefere não oficializar nada por enquanto. Ao Estadão, ele disse que há “bastante tempo ainda para sua escolha e que muitas outras decisões a precedem”.

No Ceará, apesar de o PT ter lançado Camilo como pré-candidato ao Senado, o futuro do governador ainda é incerto. Com sua renúncia, a vice-governadora Izolda Cela (PDT) assumiria e, no cargo, teria mais força para pleitear apoio à sua reeleição ou a outro nome do partido, dando palanque também ao presidenciável Ciro Gomes.

A aliança entre PT e PDT no Ceará tem balançado com as críticas recorrentes de Ciro a Lula. Apesar de Camilo já ter declarado ser natural o PDT ter a cabeça de chapa ao governo neste ano, petistas tentam lançar a deputada federal Luizianne Lins para a disputa, o que tem atrapalhado a decisão do governador e afastado as siglas.

A cabeça de chapa na sucessão estadual também era motivo de disputa entre aliados em Pernambuco, mas, na sexta passada, o PT retirou a pré-candidatura do senador Humberto Costa ao governo para apoiar o escolhido do governador Paulo Câmara (PSB) à sua sucessão. O nome deve ser o do deputado federal Danilo Cabral (PSB).

Pelo acordo, liderado por Lula, Câmara fica até o final do mandato e os petistas indicam o nome da chapa para o Senado, que pode ser o da deputada federal Marília Arraes – Costa tem mais quatro anos de mandato.

“Mesmo liderando as pesquisas, o companheiro Humberto Costa abriu mão de disputar o governo de Pernambuco para unificar forças populares no Estado e no Brasil, para derrotar Bolsonaro e seus retrocessos. Grandeza política e desprendimento que saudades hoje em encontro com Lula”, divulgou a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Segundo o deputado federal Tadeu Alencar (PSB-PE), vice-presidente do partido em Pernambuco, a prioridade não era mesmo o Senado, embora ele diga que Câmara tenha legitimidade para pleitear a vaga. “É muito melhor que a gente tenha ele coordenando a sucessão”, disse o parlamentar.

Já na Bahia, ao que tudo indica, o governador Rui Costa desistiu de se lançar ao Senado para apoiar a reeleição do senador Otto Alencar e repetir a aliança com o PSD. O partido foi o maior vencedor das eleições de 2020 no Estado, saindo vitorioso em 108 municípios, e está na mira de Lula para formação do palanque não só regional, mas nacional.

A desistência do petista também tem relação direta com o risco de o vice-governador, João Leão (PP), quebrar a aliança que mantém com o PT atualmente caso assuma o cargo. Lideranças do PP, um dos principais partidos do Centrão, já cogitam lançá-lo como cabeça de chapa, o que, em tese, poderia dar palanque ao presidente Jair Bolsonaro na Bahia.

Assim como ocorreu com o PSD, as últimas eleições municipais foram decisivas para o PP se tornar um partido com mais capilaridade na Bahia. A sigla do atual presidente da Câmara dos Deputados, Arhur Lira (AL), elegeu 92 prefeitos no Estado, e Leão fez nos últimos anos diversas costuras e hoje o PP possui mais de 115 prefeituras. Manter a aliança com ambas as legendas, portanto, é prioridade para o PT, que hoje tem no ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), seu maior opositor e obstáculo para o retorno de Jaques Wagner ao governo.

Em Sergipe, o cenário segue aberto, mas com sinalizações favoráveis tanto por parte do governador Belivaldo Chagas (PSD) como por parte de Lula sobre uma possível aproximação eleitoral que levaria Chagas a disputar o Senado com o apoio do petista – os dois se encontraram recentemente em São Paulo. O impasse neste caso é a disposição do senador Rogério Carvalho (PT) de se lançar ao governo, dificultando assim a sucessão de Chagas. /Anna Tenório, Levy Teles e Lôrrane Mendonça

Em Alagoas, o cenário é o mais inusitado. Se o governador Renan Filho (MDB) confirmar sua intenção de tentar se juntar ao pai, Renan Calheiros (MDB), no Senado, o Estado terá um governador-tampão. Isso porque o vice-governador eleito em 2018, Luciano Barbosa (MDB), renunciou ao cargo para eleger-se prefeito de Arapiraca. Se o titular também se ausentar, caberá à Assembleia Legislativa eleger dois representantes para governar até dezembro.

As normas para eleição indireta – na qual qualquer cidadão que tenha entre 30 e 72 anos poderá se candidatar – já foram até mesmo sancionadas pelo governador. De acordo com o texto da lei, o pleito deverá ocorrer 30 dias depois da eventual renúncia com voto nominal e aberto de cada um dos 28 deputados estaduais. A votação deverá acontecer em dois turnos separadamente para cada um dos cargos.

A decisão, no entanto, ainda não foi tomada por Renan Filho de forma oficial. Se levar seu plano adiante, o governador terá de enfrentar o ex-presidente Fernando Collor (Pros), cujo mandato no Senado se encerra no início de 2023.

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