Trancado neste momento no seu gabinete no Ministério da Justiça, Sergio Moro não está pensando apenas na situação do diretor da Polícia Federal, Maurício Valeixo, para decidir se pede as contas e deixa o governo de Jair Bolsonaro.
Segundo a coluna Radar da revista Veja, entre uma ligação e outra – o telefone dele não para de tocar –, o ministro diz avaliar o “conjunto da obra” produzida por Bolsonaro nos últimos dias.
Moro aceitou entrar no governo que apoiava a Lava-Jato, bradava contra as velhas práticas políticas e prometia não entrar no toma lá dá cá que resultou no escândalo de corrupção da Petrobras nos governos petistas.
Nesta quinta-feira, porém, as notícias da manhã mostraram o presidente, que já mereceu a confiança de Moro, confraternizando alegremente com Arthur Lira, um dos parlamentares investigados pelo recebimento de propina das empreiteiras do petrolão. Não foi para isso que o chefe da Lava-Jato abandonou a magistratura — foi por um projeto de combate à corrupção.
Ao escolher suas companhias na lista de réus por corrupção no STF, Bolsonaro deu um recado a Moro. Ao interferir na Polícia Federal, deu outro recado. Somando as situações é que Moro reflete no momento até onde vale continuar num governo que abraça mensaleiros e a clientela famosa do “money delivery” de Alberto Youssef.