O comitê da reeleição evolui rapidamente do desalento para o otimismo. O IBGE confirmou que houve deflação em julho. Junto com o anúncio da taxa de inflação negativa, o governo começa a pagar nesta terça-feira (9), a 54 dias da eleição, os benefícios sociais turbinados pela PEC da eleição. Ou seja, o povo começa a ganhar dinheiro e poder de compra. Conforme Josias de Souza, do UOL, os aliados de Bolsonaro esfregam as mãos. Estimam que o presidente encostará em Lula nas pesquisas até o final do mês.
Manuseando sondagens feitas para consumo interno, o staff da campanha de Bolsonaro avalia que a combinação de queda na inflação com dinheiro extra no bolso do eleitor pobre fará o presidente subir entre 1,5 e 2 pontos percentuais nas próximas pesquisas presidenciais. Preveem que Lula oscilará para baixo. Acionam os tambores para tentar apressar o movimento.
No momento, os operadores políticos da campanha voltam aos ouvidos de Bolsonaro para tentar convencê-lo a trocar sua pauta tóxica de ataques a urnas e magistrados pela agenda positiva. A inflação ainda é alta nos alimentos. Mas começou a ceder graças à redução no preço dos combustíveis e da energia.
O Auxílio Brasil de R$ 600 chegará às casas de 20 milhões de famílias. Juntas, somam mais de 50 milhões de brasileiros. Na prática, o Tesouro Nacional virou uma extensão do comitê de campanha. Compram-se votos com o déficit público.
O efeito eleitoral tende a ser potencializado pela permissão dada aos beneficiários para tirar empréstimos consignados com desconto no beneficio. Os juros são salgados e o risco de descontrole financeiro é real. Mas a ruína só virá depois da eleição.
O mais irônico é que as armas manejadas por Bolsonaro na reta final da campanha saíram do paiol do Congresso, com os votos favoráveis da oposição —inclusive do PT.