Apesar de o presidente Jair Bolsonaro (PL) permanecer em silêncio após a sua derrota no segundo turno para o petista Luiz Inácio Lula da Silva nesse último domingo (30), aliados têm a expectativa de que o mandatário se manifeste publicamente nesta segunda-feira. Desde o início do funcionamento das urnas eletrônicas nas eleições presidenciais, em 1998, esta é a primeira vez que um candidato evitou fazer declarações públicas após o resultado.
Pessoas próximas ao presidente aguardam que ele faça um pronunciamento ainda nesta segunda-feira, mas não arriscam dizer se ele cumprirá o protocolo de candidato derrotado e telefonará para Lula.
Na reta final do segundo turno, Bolsonaro disse em entrevista à TV Globo que “quem tiver mais votos leva”, porque “é isso que é a democracia”.
Durante a campanha, o presidente já havia afirmado que só falaria sobre o resultado das urnas após se conversar com militares. As Forças Armadas fizeram ações de fiscalização nas seções eleitorais durantes o primeiro e segundo turno.
Aliados reconhecem
Diante do silêncio de Bolsonaro, parte dos seus aliados já foram a público para reconhecer a derrota. Personagem simbólico da ala ideológica do bolsonarismo, o ex-ministro do Meio Ambiente e deputado federal eleito Ricardo Salles (PL-SP) foi um dos primeiros aliados próximos do presidente a reconhecer publicamente a derrota. Num tom sóbrio, ele foi às redes sociais para pedir serenidade.
“O resultado da eleição mais polarizada da história do Brasil traz muitas reflexões e a necessidade de buscar caminhos de pacificação de um País literalmente dividido ao meio. É hora de serenidade”, escreveu.
Um dos principais conselheiros de Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia também admitiu a legitimidade da vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente da República para o terceiro mandato.
“A vontade soberana do povo se estabeleceu. Não fui omisso nem covarde, tenho minha consciência limpa do meu dever cumprido. A minha oração, como diz a Bíblia, é interceder pelas autoridades constituídas”, escreveu ele em suas redes sociais.
Depois, ao jornal O Globo, ele rechaçou possibilidade de apoiar qualquer contestação ao resultado das eleições:
— Cada um é responsável por seus atos. Eu não posso responder por Bolsonaro. Quando alguém diz que não reconhece o resultado de uma eleição, ele tem que ter provas terrivelmente consubstanciosas para fazer essa declaração.
Carla Zambelli, deputada reeleita, foi outra a olhar para frente. Ela usou as redes sociais para avisar que fará oposição ferrenha ao futuro governo do petista.
“O sonho de liberdade de mais de 51 milhões de brasileiros continua vivo. E lhes prometo, serei a maior oposição que Lula jamais imaginou ter”, postou no Twitter.