Aliado de João Doria, o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, busca o apoio de líderes do PSDB paulista para ir à Justiça contra a decisão do novo presidente do partido, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de adiar as convenções. Uma peça jurídica está em processo de elaboração para questionar a legitimidade da executiva nacional nomeada pelo mandatário e que aprovou, na última sexta-feira (3), a decisão de remarcar para o segundo semestre do ano as eleições para os comandos dos diretórios regionais.
Conforme revelou a Coluna, Leite deseja ganhar tempo para arregimentar figuras capazes de disputar a presidência dos diretórios contra aliados de Doria, seu rival nas prévias presidenciais do PSDB, e repactuar as diretrizes programáticas da legenda, que deu uma guinada à direita durante o governo de Jair Bolsonaro.
A principal queixa dos tucanos paulistas é que a nova executiva precisaria ser avalizada pelos membros do diretório nacional, em vez de ser composta unilateralmente pelo governador. Segundo Morando, em reuniões anteriores à decisão de colocar Leite na presidência da legenda, houve questionamentos sobre a forma como seriam escolhidos os integrantes da executiva provisória.
“Nós levantamos esses questionamentos diversas vezes, mas o processo de discussão foi atropelado”, diz.
Adversário interno de Morando no partido, o prefeito de Santo André, Paulo Serra, desponta como um dos favoritos para chefiar a legenda em São Paulo. Com a ascensão de Leite, ele se tornou tesoureiro da sigla.
O governador gaúcho indicou também os outros dois governadores tucanos, Raquel Lyra, de Pernambuco, e Eduardo Riedel, do Mato Grosso do Sul, para os cargos de vice-presidente. O presidente do PSDB-MG, Paulo Abi-Ackel, foi escolhido secretário-geral. Ele é um aliado do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG).
Morando afirma ainda que não há oposição à liderança de Leite sobre o partido. “Ele preside porque foi eleito, isso ninguém questiona. Mas deveria ter ouvido os Estados e o diretório nacional”.
Leite foi eleito pela então executiva nacional do PSDB em novembro para suceder Bruno Araújo na presidência do partido.