Ao reeleger Fuad Noman (PSD) em Belo Horizonte, o PSD se consolidou segundo Luísa Marzullo, do O Globo, como o partido com mais prefeituras do estado de Minas Gerais, alcançando 143 administrações, um crescimento de 83% em relação a 2020, quando elegeu 78. O número é bem mais expressivo que o do segundo colocado, o Republicanos, que chegou a 83 gestões. O cenário pavimenta o protagonismo que a sigla almeja ter nas eleições para o governo do estado, daqui a dois anos.
— O PSD se colocou como um partido robusto e em condições de pleitear qualquer espaço nas eleições de 2026. Não haverá nenhum movimento em que não estaremos à mesa para discutir os rumos do estado — resume o presidente estadual da sigla, o deputado Cássio Soares.
Publicamente, dirigentes e políticos de relevância da sigla citam duas opções para irem às urnas — o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e o ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira. Mas há quem coloque água no feijão em ambas as possibilidades e alas já divergem sobre qual seria a melhor opção.
Do lado de Pacheco, articuladores reiteram que a prioridade em concorrer seria dele e que Silveira seria uma espécie de “plano B”. Há quem diga, contudo, que o senador não teria o desejo de concorrer ao governo do estado, após a rejeição angariada no Parlamento.
Neste contexto, as hipóteses giram em torno de uma indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) ou outro órgão ligado ao Judiciário, uma vez que iniciou sua carreira enquanto jurista. Outra opção seria uma pasta no governo federal.
Já em relação ao ministro Alexandre Silveira, sua derrota nas urnas pesa contra ele. Em 2022, ele perdeu a eleição para Cleitinho, hoje no Republicanos, com uma diferença de quase 6% dos votos válidos. Caso o escolhido fosse Silveira, este confronto poderia voltar a se repetir, uma vez que Cleitinho é cotado para representar a direita na disputa. Para o plano do senador, contudo, aparece como entrave o desejo do governador Romeu Zema (Novo) de que seu sucessor seja o seu vice, Mateus Simões (Novo).
Oficialmente, nem Pacheco nem Silveira confirmam o plano político, mas tampouco negam intenção de concorrer ao governo do estado.
— Não tenho projeto pessoal para 2026. Meu projeto é reeleger Lula e quem for o candidato do PSD tem que estar comprometido a pedir votos para o presidente — garantiu Silveira ao GLOBO.
Animosidades
Também há uma certa preocupação interna no PSD de como unir as alas em torno de um desses dois nomes. Recentemente, Pacheco e Silveira passaram por animosidades por uma diferença de postura: enquanto o primeiro se mantém ao Centro e aderiu um tom moderador, o segundo, deu uma guinada à esquerda e se posiciona de forma mais embativa.
As rusgas recentes divergem do passado de amizade. Em 2018, Silveira ajudou nos bastidores da campanha de Pacheco ao Senado e, após a eleição, virou diretor jurídico da Casa. A partir de uma costura do então aliado, o ex-governador Antonio Anastasia assume uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), o que levou o agora ministro a uma cadeira. Quando os dois estavam na Casa, tudo ia bem.
Nas eleições da capital mineira, este cenário de impasse voltou a aparecer. Pacheco foi o primeiro a abraçar a candidatura de Fuad Noman, mas Silveira chegou a gravar vídeos de apoio ao deputado federal Rogério Correia (PT), sexto colocado na disputa, em uma tentativa de agradar Lula. O ministro chegou a vestir a camisa “BH pode mais”, slogan de campanha do petista.
Quando a candidatura de Rogério começou a naufragar, o ministro se aproximou de Fuad. Em ambos os turnos, quando votou com o prefeito, seus vínculos ao presidente irritaram parte do PSD. No último domingo, ele vestiu um boné com a frase “Sou Lula”, o que gerou um mal-estar.
A campanha do prefeito reeleito consistia em mantê-lo ao Centro, a fim de não polarizar a disputa e atrair os votos dos adversários derrotados em primeiro turno.