Próximo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes está montando a equipe de seu gabinete e se prepara para tomar posse no dia 16 de agosto. Conforme Isadora Peron e Luísa Martins, do Valor, ele escalou como coordenador do grupo de transição o ex-ministro José Levi, que foi advogado-geral da União do governo Jair Bolsonaro.
A equipe já se reuniu algumas vezes com os integrantes do gabinete do atual presidente do TSE, Edson Fachin. Os nomes ainda devem ser oficializados nas próximas semanas.
Homem de confiança de Moraes, Levi vai assumir a Secretaria-Geral da nova gestão. O ex-AGU já havia sido o número dois de Moraes em outra ocasião: no Ministério da Justiça, durante o mandato do ex-presidente Michel Temer. Em 2017, chegou a assumir a pasta interinamente quando Moraes se licenciou, após ser indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Levi foi demitido por Bolsonaro em março do ano passado, após se recusar a assinar uma ação enviada ao STF contra governadores que estavam adotando medidas mais restritivas de combate à pandemia.
Moraes não deve mexer em áreas estratégicas para a eleição. Por isso, pretende manter Disney Rosseti como secretário de Polícia Judicial e Júlio Valente à frente da Secretaria de Tecnologia da Informação. Os dois estão nos cargos desde a gestão do ministro Luís Roberto Barroso e são os responsáveis, respectivamente, pelos planos de segurança física e cibernética do tribunal.
Rosseti é delegado da Polícia Federal (PF) e foi número dois da corporação quando o Ministério da Justiça era ocupado pelo ex-juiz Sergio Moro. Já Valente foi escalado para o cargo em maio de 2021, depois dos problemas que levaram ao atraso da divulgação dos resultados das eleições municipais de 2020. Ele substituiu Giuseppe Janino, que estava no posto há cerca de 15 anos.
Moraes assumirá o TSE a menos de dois meses das eleições, no momento em que a segurança do pleito se tornou o centro das preocupações de pré-candidatos, partidos e eleitores, diante da escalada da violência política.
A troca de bastão na Justiça Eleitoral também causa apreensão porque o ministro coleciona uma série de atritos com Bolsonaro, por ser o relator de inquéritos no STF que miram o chefe do Executivo e seus apoiadores.
Além da mudança na presidência, o TSE também terá um novo corregedor-geral eleitoral a partir de 1º de setembro. O ministro Benedito Gonçalves substituirá o ministro Mauro Campbell, atual ocupante do cargo.
O posto é sempre ocupado por um ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Uma de suas atribuições é relatar ações que podem levar à cassação das chapas. Também ficará na mão de Benedito o inquérito administrativo aberto no TSE para investigar os ataques de Bolsonaro ao sistema eletrônico de votação.