A Alemanha anunciou que planeja estacionar permanentemente 4.000 soldados na Lituânia, país báltico situado entre o enclave russo de Kaliningrado e Belarus, zona de influência direta de Moscou.
A alocação de tropas faz parte de uma estratégia para ampliar a segurança do flanco leste dos territórios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O anúncio foi feito nesta última segunda-feira (26) pelo ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, durante visita à capital lituana, Vilnius. Ele ressaltou que caberá à Lituânia construir instalações para acomodar “uma brigada robusta” primeiro, mas declarou que a Alemanha está “pronta”.
A Lituânia se comprometeu a entregar até 2026 infraestrutura necessária para basear as tropas: depósitos para munições, centros de treinamento bem como alojamentos para os soldados e suas famílias.
As Forças Armadas da Alemanha estão presentes na Lituânia desde 2017. O país comanda o batalhão da Otan na região, com cerca de 1.600 soldados, metade deles alemães. Mas só o posto de comando da brigada, com cerca de 20 soldados alemães, está em Rukla.
Maior força militar alemã no exterior
O envio de tropas alemãs de combate ao país é um pedido recorrente do governo de Vilnius.
Os 4.000 soldados seriam um apoio significativo às forças lituanas, hoje com 15.000 membros, dos quais 3.500 têm alistamento obrigatório, em um país com 2,8 milhões de habitantes.
No contexto da guerra na Ucrânia, Berlim concordou, em junho de 2022, com o envio de uma brigada completa e pronta para defender a Lituânia em caso de um eventual ataque, mas resistia à ideia de estacionar essas forças permanentemente na região, argumentando que as tropas poderiam ser mobilizadas a partir do território alemão.
Caso o deslocamento de tropas se concretize, será a maior força alemã fora do país.
Alemanha tem “responsabilidade e obrigação de proteger” a Otan no leste, justifica ministro
Ao justificar a decisão, Pistorius mencionou a experiência do país com a Guerra Fria, quando o mundo se dividia entre dois blocos e a Alemanha Ocidental fazia fronteira com os países sob tutela soviética.
“Éramos nós que sempre podíamos contar com os parceiros da Otan ao nosso lado em uma emergência, prontos para lutar conosco pela nossa liberdade e segurança na Alemanha”, declarou o ministro da Defesa.
Ainda segundo Pistorius, a Polônia e os países bálticos estão hoje expostos como a Alemanha Ocidental um dia esteve. “Nós, como estado-membro da Otan e maior economia da Europa, temos a responsabilidade e a obrigação de proteger o flanco leste”, afirmou.
Manobras da Otan na Lituânia
Na Lituânia, Pistorius deve assistir a um treinamento militar da Otan envolvendo as forças dos dois países – o terceiro deste tipo, desta vez com o envio de 1.000 soldados e 300 tanques pela Alemanha.
O ministro terá a companhia do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, e dos embaixadores do Conselho do Atlântico Norte, mais importante órgão executivo da aliança, além do presidente lituano, Gitanas Nauseda, e seu ministro da Defesa, Arvydas Anusauskas.
Batizado de “Griffin Storm”, o exercício segue até 7 de julho e foca na defesa do flanco leste da aliança.
A área do treinamento, em Pabrade, está a menos de 200 quilômetros de Kaliningrado.
Após os exercícios, líderes da Otan se reunirão em Vilnius em 11 e 12 de julho.