Um dos principais interlocutores do presidente Lula no Congresso, o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) emplacou segundo Bernardo Mello, do O Globo, aliados e familiares em cargos estratégicos do governo federal neste ano, além de manter indicações amealhadas na gestão passada. O último deles foi o seu primo, Aharon Alcolumbre, nomeado pelo governo federal como diretor de Promoção do Desenvolvimento Sustentável da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) na semana passada.
O apadrinhamento de cargos também alcança o governo do Amapá, tanto na atual gestão de Clécio Luís (Solidariedade) quanto no período do antecessor, Waldez Góes, hoje ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional por intermédio do próprio Alcolumbre, que o incluiu na cota do União Brasil, embora seja do PDT. A Sudam está no guarda-chuva da pasta de Waldez.
Clécio, eleito em 2022 com apoio de Alcolumbre, nomeou no início da gestão um dos irmãos do senador, o advogado Alberto Alcolumbre, para a presidência da Junta Comercial do Amapá (Jucap), autarquia vinculada ao governo estadual.
Outro irmão do senador, Josiel Alcolumbre, assumiu em janeiro a presidência do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Amapá. Embora seja um órgão privado, a escolha de seus gestores tem habitualmente influência do governo estadual, que tem assento no Conselho Deliberativo, e do governo federal, representado por entidades como a Caixa Econômica Federal e a Sudam.
O senador foi contemplado pelo governo Lula em outros postos, diz o colunista Bernardo Mello. A superintendência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) no Amapá foi mantida sob o comando de Hilton Rogério Maia Cardoso. Ele chegou ao posto em 2022, no fim da gestão Jair Bolsonaro (PL). As redes sociais de Hilton ainda carregam imagens de apoio à candidatura de Josiel, irmão de Alcolumbre, à prefeitura de Macapá em 2020. No mês passado, Josiel divulgou uma foto com Alcolumbre e de Hilton, anunciando que o senador garantiu recursos para a construção de um novo prédio para a superintendência local da Codevasf.
A oficialização, no último dia 15, de Bernardino Nogueira dos Santos como novo superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) no Amapá também sinalizou a influência do senador. Assinada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a nomeação foi atribuída ao presidente estadual do PT no Amapá, Antônio Nogueira, de quem Bernardino já foi assessor. O petista é próximo a Alcolumbre, com quem dividiu palanque em eleições recentes.
Em entrevista à rádio local Diário FM, Bernardino disse contar com o apoio de Alcolumbre para reestruturar o Ibama no estado. Ele também acenou positivamente à liberação de atividades da Petrobras na Margem Equatorial, pleito apoiado por políticos do Amapá, mas que encontrou resistências no ministério de Marina por riscos ambientais.
— Pelo que me informaram, o ministério está fazendo uma reconsideração, que deve sair até semana que vem — disse o superintendente do Ibama à rádio.
Questionado pelo O Globo sobre nomeação de parentes em cargos de vínculo federal, Alcolumbre não respondeu.