O ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) adiou a definição sobre seu futuro político, em meio a negociações com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT. Alckmin só deve definir no início de 2022 qual cargo disputará e em qual partido deve se filiar.
Segundo o jornal Valor, o ex-governador está dividido entre a possibilidade de participar como vice na chapa presidencial de Lula e a de concorrer ao governo de São Paulo para seu quinto mandato. As informações são da repórter do Valor Cristiane Agostine, no Bastidores da Política desta quarta-feira, na rádio CBN.
Alckmin tem discutido com aliados sobre uma eventual composição com Lula, mas não pretende decidir isso agora.
O ex-governador tucano e o ex-presidente petista se aproximaram e há algumas semanas se reuniram para conversar sobre a composição de uma frente ampla contra Bolsonaro para 2022. Para isso, Alckmin se filiaria ao PSB.
A proposta de colocar Alckmin como vice de Lula partiu do ex-governador Márcio França, do PSB, e ganhou a simpatia do ex-prefeito Fernando Haddad, que ajudou a fazer esse encontro. Haddad e Alckmin têm uma boa relação e já se reuniram algumas vezes neste ano para falar sobre 2022.
Para o ex-presidente Lula, essa composição ampla, para além da esquerda, seria importante para ajudar a atrair o eleitor de centro, mais conservador. Já para Alckmin, essa aliança o ajudaria a se fortalecer politicamente, ganhar uma dimensão política nacional e, se Lula vencer, chegar como vice no Palácio do Planalto.
A eventual aliança, no entanto, ainda depende de muita negociação dentro do PT, PSB e com outros partidos aliados.
Se isso se concretizar, o quadro eleitoral de São Paulo deve mudar. Em um dos cenários estudados, o PT poderia abrir mão da candidatura de Fernando Haddad ao governo estadual. Haddad seria candidato ao Senado em uma chapa liderada por Márcio França. Para se aliar a Lula, o PSB exige apoio em cinco Estados, entre eles São Paulo.
Mas Alckmin ainda não desistiu da ideia de ser candidato em São Paulo e não fechou as portas para outros partidos para negociar sua filiação. O ex-governador está conversando com o PSD, de Gilberto Kassab, e também com o União Brasil, futura fusão do DEM com o PSL – partido que elegeu Bolsonaro em 2018.
Em agosto, o ex-governador anunciou que sairia do PSDB, depois que foi isolado pelo grupo do governador João Doria e impedido de lançar sua candidatura estadual.
Alckmin espera o fim das prévias nacionais do PSDB, previsto para domingo, para definir se de fato sairá do partido. Se Doria vencer, isso vai acelerar a saída. No entanto, o tucano tem dito a aliados que só deve se filiar a uma nova legenda em 2022. Alckmin tem até abril, seis meses antes das eleições, para entrar em um partido e poder concorrer em outubro.
O tucano tem visto que a eleição paulista não vai ser uma disputa fácil. Nas pesquisas, Alckmin lidera tanto as intenções de voto como a rejeição. O ex-governador deve disputar o voto tucano com o candidato do governo, o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB), que tem a força da máquina do governo estadual nas mãos. E essa aproximação de Alckmin com Lula tem sido criticada pelos aliados do ex-governador, que dizem que ele pode se desgastar e perder o discurso antipetista, que atrai o eleitorado do PSDB no interior de São Paulo.
Enquanto não decide, Alckmin tem mantido uma agenda intensa na capital e no interior. Médico, o tucano acompanhou até mesmo o nascimento de uma criança em um hospital de Itaberá, no interior de São Paulo, a convite do prefeito.