Em outubro do ano passado, uma delegação do Governo de São Paulo foi ao Japão para um encontro com integrantes da cúpula da Toyota. Estavam em Tóquio, representando Tarcísio de Freitas, o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Jorge Lima, e Inty Mendoza, gerente executivo da Invest SP para a Ásia.
Naqueles dias, a montadora japonesa avaliava investir 11 bilhões de reais numa nova linha de produção de veículos e tinha Brasil e México entre potenciais destinos para o dinheiro. Ciente do tamanho do negócio, com lastro para gerar 2.000 empregos, até Tarcísio entrou na conversa com a montadora. O governador paulista ofereceu o uso de créditos fazendários à empresa, o que foi decisivo, segundo fontes da gestão Tarcísio, para que a Toyota decidisse aplicar a bolada bilionária em Sorocaba (SP).
Como não há inocente na gestão petista no Planalto, nesta segunda, quando a informação vazou na coluna de Lauro Jardim, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que pilota o Ministério do Desenvolvimento, correu para faturar o anúncio, declarando o projeto uma “uma conquista do Brasil e do governo do presidente Lula”.
Em São Paulo, a turma de Tarcísio percebeu tarde demais a trapalhada. Como é que o governo tem um investimento bilionário, com potencial de milhares de empregos, e não divulga? Eis a explicação de um dos integrantes da gestão Tarcísio: “Acordamos que não falaríamos nada até o anúncio oficial da Toyota no dia 5 e fomos surpreendidos pelo anúncio (de Alckmin), já que não participaram de nada”.
Ao assumir a paternidade da criança, Alckmin disse, nesta segunda, que o investimento da Toyota em Sorocaba ocorrerá “graças aos programas Mover e Combustível do Futuro, do Governo Federal”. Ou seja, segundo Alckmin, o investimento não tem relação com o governo do bolsonarista Tarcísio.
Diante do impasse, a crise caiu no colo da Toyota. Afinal, quem é o pai da criança?