O doleiro Alberto Youssef ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal solicitando segundo Daniela Lima Apresentadora do Conexão GloboNews, a abertura de uma investigação contra o ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil-PR) por suposta manipulação de provas e atuação irregular para blindar das autoridades e da defesa de Youssef a descoberta de um grampo ilegal que havia sido instalado na cela do doleiro.
A ação junta uma série de depoimentos, investigações internas da Polícia Federal até despachos do próprio Sergio Moro para encorpar as suspeitas levantadas pelo doleiro, que é a pedra fundamental da Lava Jato.
Assim que chegou ao STF, a petição foi colocada em sigilo pelo ministro Dias Toffoli, mas a GloboNews teve acesso ao conteúdo do pedido. Procurado, o senador Moro afirmou por meio da assessoria que “qualquer insinuação de envolvimento do senador Sergio Moro é calunia” (leia a nota completa abaixo).
Preso em 2014, no início da Lava Jato, Youssef encontrou uma escuta ambiental dentro de sua cela. Ele e seus advogados questionaram Moro, que acionou oficiosamente a Polícia Federal. O caso levou à uma sindicância, que rapidamente foi arquivada. A PF afirmava que a escuta estava no local há tempos e que havia sido posicionada para monitorar uma passagem de Fernandinho Beira Mar pela carceragem. Ainda nesta primeira avaliação, a PF informou que a escuta estava inativa.
Ocorre que, após um depoimento de um agente da Polícia Federal que disse ter acompanhado a instalação da escuta às vésperas da chegada de Youssef, PF foi obrigada a abrir uma segunda sindicância. Os resultados dessa nova apuração interna foram enviados à 13ª vara de Curitiba, mas permaneceram em sigilo até que Eduardo Appio, hoje afastado da Justiça, atendeu pedido da defesa do doleiro e deu acesso integral aos documentos.
A segunda sindicância não só confirmou que a escuta estava ativa como também, por meio de perícia, constatou que ela captou as vozes de Youssef e outros presos da Lava Jato por cerca de 10 dias. Há, nos autos, transcrições de conversas dos presos sobre a investigação e as buscas das quais tinham sido alvos. É ela a base do pedido de Youssef contra Moro no Supremo.
O doleiro afirma ao STF que, ciente do resultado da segunda investigação interna, Moro agiu para blindar os agentes da PF que instalaram a escuta ilegal e impediu que tanto ele, Youssef, como outros presos da Lava Jato, como Marcelo Odebrecht, tivessem acesso ao conteúdo dos grampos.
Para sustentar a tese, a defesa de Youssef juntou aos autos despachos nos quais, em mais de uma ocasião, Moro recusa pedidos dos advogados de defesa por acesso à sindicância citando questões formais, como prazo de manifestação.
Na alegação ao Supremo, Youssef pede que o ex-juiz tenha sua conduta investigada por supostamente burlar o devido processo legal e solicita ainda que o Supremo tire de Curitiba todo o conteúdo das perícias realizadas nos áudios.
O pedido chegou à corte na última sexta-feira (15). Segundo uma fonte a par do andamento do caso, Toffoli solicitou manifestação da Procuradoria-Geral da República. A assessoria de Moro informou que as queixas já foram analisadas em outras instâncias — e descartadas.
O que diz Moro:
“O caso no Paraná passou por vários juízes, sendo arquivado pelo juiz Bonat, que agiu com correção. Qualquer insinuação de envolvimento do senador Sergio Moro é calunia”, diz a assessoria de Moro.