A ala do MDB que se reúne na noite desta última segunda-feira (11) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é minoritária e, segundo a cúpula do partido, não teria hoje condições de impor o apoio ao petista frente a candidatura própria de Simone Tebet em uma convenção nacional.
De acordo com o número de votos que cada estado teve na última eleição interna que levou à eleição do atual presidente do MDB, Baleia Rossi, a região Nordeste, que hoje apoia Lula, tem 107 votos (25% do total). É a maior região em se considerando o número de votos internos que têm. Mas as outras somadas, que defendem a candidatura própria de Simone Tebet, têm 318 votos (75% do total). A segunda maior região em número de votos é o Sudeste (107), seguido de Sul (94), Norte (75) e Centro -Oeste (44).
Baleia Rossi foi reconduzido em fevereiro de 2021. O partido não tem hoje o peso exato de cada estado em uma eventual convenção nacional que, pela legislação, definiria oficialmente qual caminho seguir nas eleições deste ano. Mas de lá para cá, a configuração interna pouco mudou.
A se considerar outro parâmetro tradicional na política, o tamanho das bancadas na Câmara, a proporção pró-Lula é até inferior. Hoje, dos 39 deputados, 8 (20%) são da Região Nordeste, que apoia Lula. Os 31 deputados restantes das outras regiões, que representam 80% % da bancada, apoiam uma candidatura própria. A região mais forte é a Sul, com nove deputados, justamente a que mais se opõe a Lula. Depois vem a Sudeste, que se iguala em número com a Nordeste com oito deputados e, por fim, a Centro-Oeste e Norte, cada uma com 7 deputados.
A avaliação na cúpula do partido é de que no jantar desta noite estarão aliados que sempre estiveram com Lula. Trata-se do grupo do MDB do Senado, que se aliou a Lula já no primeiro ano de mandato do petista em 2003 e que era liderado por José Sarney, Renan Calheiros e Romero Jucá. Desde então, estiveram com Lula em todas as eleições. Fora do Nordeste, o estado do Amazonas é, segundo o partido, o único que apoia Lula. O diretório amazonense é comandado pelo senador Eduardo Braga, do mesmo grupo político de Renan.
Nas projeções que o MDB faz para as eleições da Câmara deste ano, o Nordeste deve manter a faixa de 20% da bancada. O MDB trabalha com a possibilidade de eleger 50 deputados, sendo 10 do Nordeste. As maiores apostas são no Sul e no Sudeste, com 13 deputados cada um.
Questionado se o MDB do Nordeste teria maioria interna para barrar uma candidatura própria, Renan Calheiros respondeu: “Não se trata disso. A Convenção acontecerá apenas em agosto. Trata-se de homologar candidatura sem competitividade repetindo o episódio (Henrique) Meirelles (em 2018). E olha que eu escapei do massacre que sua candidatura definiu. Apenas Jader, Eduardo Braga e eu nos reelegemos”, afirmou.