A demissão do ministro da Educação, Abraham Weintraub, é considerada “praticamente certa” até mesmo pela chamada ala ideológica do Executivo. A disputa no Palácio do Planalto, agora, é para emplacar o sucessor na pasta. Filhos do presidente e integrantes do governo ligados ao guru Olavo de Carvalho defendem um substituto “à altura” e com o mesmo perfil de Weintraub para agradar à base bolsonarista. Políticos e militares, que querem um desfecho até o final desta semana, tentam convencer Jair Bolsonaro de que é preciso encontrar um nome que blinde a Presidência das polêmicas.
Pressionados pela crise institucional e pelo próprio presidente, olavistas cederam e já admitem a demissão para apaziguar os ânimos com o Supremo Tribunal Federal (STF), mas argumentam que é preciso não desamparar os apoiadores que fazem a defesa do governo nas redes sociais e nas manifestações. Para eles, o Ministério da Educação é uma trincheira importante no que chamam de “guerra cultural” .
Ao longo de toda esta última terça-feira (16) o futuro de Weintraub foi tema de conversas no Palácio do Planalto. Como o Estadão noticiou, o presidente busca uma saída “sem traumas” para o ministro. Entre as opções oferecidas a ele está a de assumir um cargo diplomático em uma embaixada, uma assessoria especial do presidente ou até um posto em um banco.
De acordo com pessoas próximas ao ministro da Educação, ele deverá se manter fiel a Bolsonaro, mas quer ter uma função em que possa seguir fazendo a defesa da agenda ideológica e liberal do governo.
A situação de Weintraub já era considerada insustentável para uma parte do governo, mas piorou após ele se reunir, no domingo, 14, com manifestantes bolsonaristas. O grupo desrespeitou uma ordem do governo do Distrito Federal que proibiu protestos na Esplanada dos Ministérios. Weintraub foi multado em R$ 2 mil, nesta segunda-feira, 15, por não usar máscara na ocasião.
No encontro de domingo, o ministro insistiu: “Eu já falei a minha opinião, o que faria com esses vagabundos”. O restante da fala é encoberto por aplausos dos manifestantes, que gritam “Weintraub tem razão”. A declaração remete ao que ele já havia dito na reunião ministerial do dia 22 de abril. Na época, o ministro afirmou que, por ele, colocaria na cadeia os ministros da Corte, a quem classificou como “vagabundos”. Weintraub responde a um processo por causa dessa afirmação.