Após o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, selar o apoio à reeleição de Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara dos Deputados, parlamentares do partido de Jair Bolsonaro (PL) articulam o lançamento de uma candidatura avulsa, registram Luísa Marzullo e Gabriel Sabóia, do O Globo. Insatisfeitos com a possibilidade de compor o mesmo bloco que o PT, que também anunciou apoio a Lira, alas da sigla são a favor de marcar oposição. O nome que aparece nas negociações é o do deputado federal Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (SP). A expectativa é de que ocorra retaliações internas caso a ideia prossiga.
O movimento partiu de dois grupos do PL: os que são a favor de uma oposição conservadora ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a base “raiz” do bolsonarismo, que inclui os novatos comprometidos com o atual chefe do Executivo. Do outro lado, uma terceira ala do partido, a mais numerosa, reforça a necessidade de cumprir o acordo. Entre os integrantes, destaca-se Sóstenes Cavalcante (RJ) .
— Houve um acordo com Lira, independente do resultado eleitoral, e deve ser cumprido. Este movimento parte de alguns parlamentares, em especial os novatos que ainda não tomaram posse e estão com receio de que o partido se alinhe a Lula, o que não tem menor chance de ocorrer — afirmou o parlamentar.
A hipótese é sustentada pela recém-eleita Silvia Waiapi (AP).
— Sempre bom que outras pessoas possam colocar seus nomes à disposição. Sou oposição a Lula e acredito que seria interessante reafirmar a diferença ideológica com o PT nas eleições da Câmara.
Um dos expoentes deste movimento pela candidatura avulsa é o deputado federal Bibo Nunes (RS). De acordo com ele, há um grupo de parlamentares que não enxerga a possibilidade de integrar uma chapa com o PT.
Para além do partido de Lula, os posicionamentos do atual presidente da Casa após o segundo turno das eleições também geram desconforto. Depois da derrota de Bolsonaro, Lira parabenizou Lula e disse que “a vontade da maioria jamais deverá ser contestada”, distanciando-se de parte da bancada que questionou o resultado das eleições. Desde então, ele se encontrou com o petista em reuniões sobre a PEC de Transição.
— A ideia é lançar Luiz Phillipe como uma oposição conservadora e patriótica. A possibilidade de ganhar a eleição é ínfima por Lira ser o favorito, mas marcaremos nossa ideologia— explica Nunes.
O apoio do PL a Lira foi costurado por Valdemar Costa Neto e o presidente nacional do Progressistas, o ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira. Em contrapartida, o PP estará ao lado do PL na candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) à presidência do Senado contra a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem o apoio das siglas que compõe a base de Lula.
Oficialmente, até o momento, a expectativa é de que Arthur Lira seja reeleito. Por isso, alguns membros da bancada do PL se preocupam com a articulação de uma candidatura única sob o medo de perder espaço em cargos em comissões ou na Mesa Diretora. Entre esses parlamentares está o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (SP). Nomes da ala menos ideológica da sigla pediram para que o o filho 03 medie a pacificação dentro do partido e explique aos recém-chegados os acordos já estabelecidos no intuito de minar qualquer tipo de movimentação.