As semanas que antecederam a eleição para a presidência da Câmara, marcada para hoje, foram recheadas de traições e reviveram momentos de uma “guerra” no PSL. Enquanto isso, se intensificaram negociações para um pesselista assumir o cargo de 1º vice-presidente da Casa, se o partido apoiar Arthur Lira (PP-AL), candidato apoiado por Jair Bolsonaro.
Há também segundo o portal Uol, uma tentativa de acelerar a expulsão de parlamentares que respondem a processos por “infidelidade partidária” no Conselho de Ética da legenda.
A bancada do PSL na Câmara está rachada desde o final de 2019, entre uma ala que resiste a favor de Bolsonaro e os aliados do presidente nacional da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PE), que diz não gostar mais do mandatário.
Inicialmente, sob revolta de parte da bancada, o grupo capitaneado por Bivar se juntou ao bloco do candidato Baleia Rossi (MDB-SP).
Mas a ala pró-Bolsonaro reverteu o apoio para Lira ao apresentar uma lista com 36 assinaturas e alegando ter a maioria da bancada a seu favor.
Agora negocia o cargo de vice-presidente da Câmara. O nome mais cotado para assumi-lo é o do Major Vitor Hugo (PSL-GO), ex-líder do governo na Câmara. Seus detratores dizem que ele não pode assumir um cargo na Mesa Diretora porque está entre os suspensos pelo partido.
2022 e negociação por cargos
Os apoiadores de Bivar tentam reverter traições e apresentar uma nova lista de apoio a Baleia hoje. Aos deputados “rebeldes”, citam a possibilidade de oferecer maior controle sobre diretórios estaduais e maior acesso ao fundo partidário para construir articulações políticas, de olho em 2022.
A tentativa de apresentar um novo documento revive a “guerra de listas”, episódio em que os grupos apresentaram ao menos seis listas ao disputar a liderança da bancada em outubro de 2019.
Mesmo que o PSL fique ao lado de Lira, Luciano Bivar pretende também abocanhar o cargo de vice-presidente da Câmara.
O cargo também já foi prometido por Lira ao deputado Marcelo Ramos (PL-AM), se o PL tiver preferência para a escolha. Por isso, a 2ª vice-presidência ou outro cargo ao PSL não estão descartados. Um fator a se levar em consideração é que espaços na Mesa Diretora dependem do tamanho de cada bancada nos blocos dos candidatos —quanto maior, melhor os cargos.
Parte da ala pró-Bolsonaro ainda tem em vista tentar emplacar a deputada Aline Sleutjes (PSL-PR), integrante do grupo, como a próxima líder do partido na Casa, destronando Felipe Francischini (PSL-PR).
Para barrar a força da ala pró-Bolsonaro na eleição, os bivaristas trabalharam para acelerar a expulsão de 20 deputados que respondem a processos internos de infidelidade partidária. A ideia é finalizar a expulsão até a eleição nesta segunda, mas a ação é vista como improvável pelo tempo exíguo.
“Liberdade” e “cabresto”
Os deputados com a corda no pescoço afirmam negociar uma expulsão gradual a partir de março.
Carla Zambelli (PSL-SP) disse enxergar uma eventual expulsão como uma “liberdade dessa prisão ideológica”, se referindo à convivência com o grupo opositor.
Coronel Tadeu (PSL-SP) chama a Executiva Nacional do PSL de “covarde, que se utiliza de mecanismos do regimento do partido para punir aqueles deputados que não fazem a vontade” da direção.
“Ou seja, querem colocar um cabresto no nosso pescoço. Quando tínhamos mais de 30 deputados querendo apoiar Arthur Lira, diziam que tinha que apoiar o Baleia porque ‘nós estamos mandando’. Não é assim que a viola toca. Por isso esse problema todo”, afirmou.