Depois de dois anos de suspensão por causa da pandemia da Covid-19, a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) volta a receber a Feira Agroecológica e Solidária. Até quinta-feira (5), 19 organizações estarão comercializando, na Casa Legislativa, produtos orgânicos, originados de cooperativas de agricultores familiares de diversas regiões do Estado.
Nos boxes armados no Saguão Josaphat Marinho, hall de entrada da ALBA, é possível encontrar mel, cachaça artesanal, sequilhos, óleos e azeites, aipim, inhame, cupuaçu e mais uma variedade de produtos orgânicos de regiões como a Chapada Diamantina, Vale do Jiquiriçá, Região Metropolitana de Salvador, entre outras.
A atividade também tem o objetivo de chamar atenção para a importância da alimentação livre de agrotóxicos e pela aprovação do Projeto de Lei 21.916/2016, que trata da implantação da Política Estadual de Agroecologia na Bahia.
Idealizador da feira, o deputado Marcelino Galo (PT) percorreu os boxes no final da manhã desta terça-feira, conversando com produtores e representantes de cooperativas. “A Assembleia é a casa onde se elaboram as leis que servem de arcabouço para que o Estado possa fazer suas políticas públicas. E nada melhor do que você trazer para esta Casa essa referência real, de que é possível produzi comida saudável, sem veneno”, argumentou ele, que preside a Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia.
Para Marcelino Galo, a presença dos produtores leva informações importantes para deputados e o corpo técnico de assessores, que vão circular pelo espaço. “Essa feira mostra que é possível se produzir comida de verdade. Então, é o espaço de vida, de política, de fortalecimento dos agricultores familiares, porque a Bahia precisa ter uma política de produção orgânica”, acrescentou ele.
Entre os expositores, estão os representantes da Unisol Bahia, Diogo Gomes e Franklin Souza. A Unisol funciona como uma central de cooperativas e empreendimentos solidários da Bahia. “Nós temos vários empreendimentos associados em todo território baiano”, contou Franklin. No boxe, é possível encontrar produtos já tradicionais, como a cachaça de Abaíra, e outros bem pouco conhecidos, a exemplo da cerveja artesanal de nicuri.
Já no boxe da Associação Comunitária do Brinco (Abrinco), cuja sede fica na zona rural de Maragogipe (Recôncavo baiano), é possível comprar produtos como aipim a vácuo, goma para beiju, inhame no vácuo, massa de fazer bolo de aipim, massa de carimã, entre outros, como explicou a representante da entidade, Nice Silva. “Eles são produzidos pelos agricultores familiares do Recôncavo que integram a associação. E todos são orgânicos”, contou ela.
Diversas outras cooperativas como a Associação Comunitária do Povoado do Brejo, de Abaíra (Chapada), e a Associação de Trabalhadores Rurais de Pião Manso, em Camaçari (RMS), também estão presentes na Feira Agroecológica e Solidária da ALBA. Nas barracas dessas entidades, estão expostas frutas diversas, a exemplo de cupuaçu, até artesanato produzido por essas comunidades.
Na avaliação de Marcelino Galo, o fortalecimento da agricultura familiar é o caminho que deve ser seguido pelo Brasil. “O agricultor familiar é o zelador do meio ambiente, o guardião da das águas, o produtor de alimento saudável. E aqui, nessa feira, são 100% agricultores familiares. Eles são o futuro porque cuidam da saúde da população, preocupam-se com a sanidade dos alimentos que produzem”, argumentou.
O parlamentar observou que o Brasil produz um milhão de litros de venenos por ano. “São princípios ativos que, inclusive, foram proibidos em outros países E isso vai para os alimentos, para o solo, para as águas”, afirmou ele, defendendo que esse modelo é insustentável, além de produzir riqueza apenas para uma minoria, concentrando terras e riqueza. “É um modelo que só traz miséria e pobreza para a maioria dos agricultores”, concluiu.