A professora e pesquisadora Maria Helena Matue Ochi Flexor recebeu, em sessão especial realizada na manhã desta sexta-feira (14), o Título de Cidadã Baiana outorgado pela Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), proposto pela deputada Maria del Carmen (PT). O evento contou com a presença de autoridades, familiares e diversos profissionais renomados que foram alunos da homenageada.
Del Carmen enalteceu, em seu discurso, o currículo de Maria Helena, ressaltando que se trata de uma honra para a Casa Legislativa conceder o título a uma pessoa tão nobre, que tanto realizou em seus estudos e em sua luta pelo patrimônio histórico da Bahia.
“Maria Helena, além de um currículo invejável, tem uma imensurável importância no nosso cenário histórico e artístico baiano, bem como na arquitetura e no urbanismo. A homenageada se dedica à Bahia há mais de 55 anos e, por meio de sua excepcional atuação, conciliada com a tarefa de ser mãe e avó, demonstra ainda mais a força de ser mulher”, elogiou a parlamentar.
Emocionada, Maria Helena pediu que a filha Carina Flexor, que integrou a Mesa, fizesse a leitura de seu discurso. “Esse título vem coroar toda uma vida dedicada ao ensino, pesquisa e extensão em várias universidades baianas, justamente quando acabo de completar 80 anos, dos quais 55 anos dedicados ao ensino de História da Arte, História Urbana, com publicações nessas áreas, versando sobre a Bahia. Isso, digo, até aqui, pois enquanto tiver vida, aposentada da Ufba e agora pelo INSS, pretendo continuar tranquilamente minhas pesquisas”, declarou.
Nascida em São Paulo, em dezembro de 1938, Maria Helena é a primeira de quatro filhos do japonês Akiôshy Ochi com a sérvia Magdalena Ochi (óxi). De família humilde, fez o curso fundamental e pedagógico no Colégio Santana e, em 1961, graduou-se em História pela Universidade de São Paulo (USP).
Em 1965, mudou-se para Salvador e, no dia 5 de maio daquele ano, foi aceita como professora na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde permaneceu por 24 anos, participando também do corpo de pesquisadores do Centro de Arquitetura da Bahia. Tornou-se doutora em História Social pela USP, em 1980. Em 1992, prestou concurso público para ingressar na Escola de Belas Artes, na qual criou o Curso de Mestrado em Artes.
Tornou-se professora emérita da Ufba, à qual se dedicou por 40 anos, em diversas funções, especialmente no ensino de graduação e pós-graduação de História da Arte, História Urbana e Documentação, nas Faculdades de Arquitetura, Filosofia e Ciências Humanas, bem como na Escola de Belas Artes, no período compreendido entre os anos de 1965 a 2005.
Aposentada em 1994, Maria Helena nunca deixou de produzir, integrando o corpo docente da Universidade Católica do Salvador, de 2004 a 2019, coordenando o grupo de pesquisa Redes de Cidades na Bahia e no Brasil, desenvolvendo projetos com orientandos de mestrado e doutorado e com bolsistas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica.
“Extremamente atuante, como descrevemos, Maria Helena possui vasta experiência na área de artes, arquitetura e urbanismo, com ênfase em história urbana de Salvador, atuando com igual excelência nas áreas de história da arte, arte baiana, história do design, patrimônio cultural e industrial, história social da Bahia e metodologia da pesquisa”, elencou Del Carmen, que ainda lembrou que a professora é especialista em paleografia.
A parlamentar citou prêmios recebidos por Maria Helena, a exemplo do Clarival do Prado Valladares, da Odebrecht, em 2007, com a publicação Igreja e Convento de São Francisco, em parceria com Frei Hugo Fragoso. Recebeu também, em 2009, o prêmio Sérgio Milliet com o livro O Conjunto do Carmo de Cachoeira, sob o patrocínio do Iphan e do Programa Monumenta. Foi, ainda, agraciada com o Prêmio Especial pelo conjunto de publicações do Iphan/Brasília, da Associação Brasileira de Críticos de Arte, em cuja coleção estão incluídas duas obras: Mobiliário Baiano, como obra de referência, e Guia das Igrejas da Bahia, em três volumes.
Dois ex-alunos da professora, que integraram a Mesa, também discursaram. O primeiro deles foi o arquiteto e amigo Paulo Maciel, que numa longa abordagem falou de quantas gerações de profissionais importantes para a arquitetura na Bahia passaram pelas disciplinas ministradas por Maria Helena.
“Maria Helena, essa estimada amiga que um dia foi nossa professora, cidadã paulista,soteropolitana é, agora, também cidadã baiana, fato que engrandece a todos nós, por seu exemplo de vida, de mãe, de professora, doutora em história social e mestre em variados assuntos, por toda sua existência tem sido qual uma abelha a fecundar mentes, polinizando, por 55 anos, com seus múltiplos saberes a milhares de jovens, contribuindo para o aperfeiçoamento e o desenvolvimento pessoal como cidadãos e, sobretudo, honrando a Bahia que a tem como filha a partir de agora para o nosso gáudio”, declarou Maciel.
O segundo aluno foi Frederico Régis, que teve Maria Helena como professora no curso de Design na Unifacs. Ele disse que a professora é fera no conhecimento e bastante exigente como os alunos. “E que bom que foi assim. Dizem que o professor ensina, mas o mestre, ele te puxa as tripas para ver até onde você vai, te fazendo crescer. E te inspira. Não por acaso escolhi Maria Helena para ser minha orientadora no Projeto de Conclusão de Curso”, contou.
Além dos citados, participaram da Mesa Gorgônio Neto, ex-deputado estadual e federal e juiz do TRT-BA, a ex-vice-reitora da Universidade Católica do Salvador (Ucsal) Liliana Mercure e a professora Nanci Santos Novais, representando o reitor da Ufba, João Carlos Sales Pires.