Homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até março de 2020 ou não, o Aliança pelo Brasil não terá apenas chapas “puro-sangue” nas eleições municipais. A possibilidade de coligações no sistema majoritário, para prefeitos e vice-prefeitos, não está descartada. Sobretudo se a legenda não estiver criada até o pleito. Neste caso, a tendência de apoio a postulantes de outros partidos é considerável. Contudo, nem todas as siglas terão uma aproximação formal ou informal. Parlamentares do PSL dispostos a migrar para o Aliança ponderam uma articulação com postulantes lançados pelo DEM, MDB, PL, PSC, Republicanos e Novo, mas, sobretudo, pelo Podemos e Cidadania.
Os partidos que não terão apoio a uma candidatura em hipótese alguma são PT, PSol, PCdoB, PSB e PDT. Mesmo no Nordeste, onde, por vezes, as particularidades municipalistas congregaram legendas de centro-direita com os da oposição, a ideia é se manter firme ao programa partidário do Aliança. O deputado federal General Girão (PSL-RN), único pesselista da região que cogita a migração, diz que tem sido procurado por interessados não apenas no Rio Grande do Norte, mas também em Pernambuco e na Bahia. Como o Aliança não está criado, a opção pelo DEM, PL e MDB é uma possibilidade. “Quem faz política são as pessoas ou os partidos? As pessoas. Tendo sinergia de ideias com alguém, é possível haver apoio”, pondera.
O Cidadania, legenda que tem dois senadores no Nordeste, Alessandro Vieira (SE) e Eliziane Gama (MA) — primeiro vice-líder e a líder no Senado, respectivamente —, e um deputado federal, Daniel Coelho (PE), líder na Câmara, é outro partido lembrado. Não apenas como opção para a região, mas também em outras. O Podemos, liderado pelo deputado José Nelto (GO) e pelo senador Álvaro Dias (PR) no Congresso, é outro bem cotado, e o motivo é o alinhamento próximo entre as duas legendas com as pautas do governo.
O deputado Márcio Labre (PSL-RJ), um dos 29 que vão migrar para o Aliança, destaca Podemos e Cidadania como os favoritos para receber apoio da futura legenda. A costura de candidaturas aliadas dessas duas siglas em Itaperuna, Santo Antônio de Pádua e Angra dos Reis não está descartada. “Vamos focar mais a história pregressa do candidato. A quem serviu, se tem histórico de condenação por improbidade, violência, tráfico, corrupção. Seguiremos critérios alinhados com nosso programa fundador”, justifica.
A deputada Alê Silva (PSL-MG) destaca que o plano A é emplacar candidaturas próprias do Aliança, mas, em caso de plano B, não descarta legendas com afinidade programática. “Eu não vou opinar com relação a partido. Cada um vai procurar o seu. Mas adoro o Podemos na Câmara. Não sei as questões de ideologia, mas gosto muito da atuação da Renata Abreu (presidente da legenda), do (José) Medeiros, do Nelto e do Álvaro. O que deixei para meus apoiadores e minhas lideranças locais, que tenham minha aprovação ideológica e pretendem disputar no ano que vem, é que, desde que não seja uma sigla de esquerda, eles ficam liberados para escolher a qual querem se filiar”, afirma.
A escolha de partidos para coligações, no caso do plano A, ou para dar apoio, na hipótese do plano B, ficará associada a análises locais, pondera o deputado Filipe Barros (PSL-PR).
38 não é calibre
O presidente Jair Bolsonaro disse que o número 38, que escolheu para a legenda, não se refere ao calibre das armas de fogo, mas ao fato de ele ser o 38º chefe do Executivo do Brasil. Na quinta-feira, na convenção do Aliança, Bolsonaro recebeu de presente um painel em homenagem à nova sigla, feito interiramente de balas de armas de fogo. Depois do evento, nas redes sociais, ele chegou a dizer que o número “é fácil de memorizar”. Ele também afirmou que, nos próximos dias, o governo vai enviar ao Congresso três projetos de lei relativos à segurança pública, mas não deu detalhes. E evitou falar sobre o PSL. “Estou sem partido”.