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Tarcísio de Freitas deixa o local após troca de tiros na comunidade — Foto: Reprodução/TV Globo
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quarta-feira 19 de outubro de 2022 às 06:29h

Agentes foram ‘acuados’ antes de tiroteio próximo a ato de Tarcísio, diz polícia

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A Polícia Civil de São Paulo afirmou nesta última terça-feira (18) conforme o Estadão, que pelo menos 20 homens armados cercaram dois agentes à paisana e PMs que faziam a segurança de um evento de campanha do candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em Paraisópolis, zona sul da capital. A presença de policiais na comunidade, disseram as autoridades, teria causado o tiroteio que deixou um morto anteontem.

De acordo com as investigações, suspeitos em motos filmaram com celulares o carro de dois policiais que estavam na comunidade dando segurança à comitiva e, em seguida, um grupo maior retornou ao local, quando houve uma troca de tiros. Segundo a diretora do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa da Polícia Civil (DHPP), Elisabete Sato, os agentes que estavam na comunidade se sentiram “acuados”.

Um homem identificado como Felipe Lima, de 27 anos, morreu baleado pela PM. A polícia não disse quem começou o tiroteio, que interrompeu a visita do candidato ao Polo Universitário da comunidade e deu início a uma ofensiva de bolsonaristas nas redes sociais tentando emplacar a versão de que o ex-ministro teria sido alvo de um atentado.

Câmeras de segurança de um estabelecimento comercial captaram o movimento do bando em direção aos policiais. O vídeo mostra pelo menos três motos com suspeitos armados. Um deles aponta uma pistola para cima. A primeira versão da polícia falava em oito suspeitos, não em 20.

Um outro vídeo, obtido pelo Estadão, mostra Lima pilotando uma moto. Segundo a polícia, ele estava com Rafael Araújo na garupa – até agora só os dois foram identificados pelas autoridades. O Estadão também teve acesso a outras imagens já com Lima no chão em uma poça de sangue. Nenhuma arma foi encontrada com ele, apenas um pente de balas.

“Tentaram resgatar o corpo dele. Estamos na dúvida se um parceiro dele levou a arma dele ou se foi a comunidade”, afirmou o delegado-geral da Polícia Civil do Estado, Osvaldo Nico. Conforme Nico, cinco policiais militares prestaram depoimento e dois disseram que fizeram os disparos que mataram Lima. O pente, um relógio e um coldre foram apreendidos. Cápsulas de balas foram enviadas à perícia.

Segundo as autoridades, Araújo está foragido. Ele e Lima têm passagens por roubo e tráfico de drogas, de acordo com a Polícia Civil. O dono da moto usada por Lima, um morador da região, será ouvido. A investigação tenta identificar agora os demais suspeitos que aparecem nas imagens.

Segundo autoridades, afirma que 20 homens participaram de ação em Paraisópolis que teve um morto perto de onde candidato ao governo fazia campanha

Tiroteio

A troca de tiros ocorreu a pelo menos 100 metros de onde Tarcísio estava. A principal linha de investigação da polícia até agora é a de que o tiroteio ocorreu após uma reação de criminosos à presença de policiais militares na comunidade de Paraisópolis.

Pela tese, o confronto entre os agentes de segurança e suspeitos não teria relação com a presença de Tarcísio, mas sim pelo movimento atípico de policiais na região.

Campanha

A ocorrência durante a agenda de Tarcísio foi explorada pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição. Anteontem, ele abriu a propaganda eleitoral na TV dando uma versão que até agora é negada pelas autoridades. “O candidato a governador de São Paulo Tarcísio de Freitas e sua equipe foram atacados por criminosos em Paraisópolis”, registrou a campanha de Bolsonaro, no início do vídeo, em letras garrafais brancas em um fundo preto.

Entrevistado na mesma noite de anteontem, o ex-prefeito Fernando Haddad (PT), adversário de Tarcísio no segundo turno, disse ver com “muita preocupação” o uso do tiroteio pela campanha. “Acho que o bolsonarismo está fazendo um uso oportunista. O fato de já levar para a TV, já mudar na Wikipédia o currículo do Tarcísio, já torná-lo vítima de um atentado político revela uma pressa que causa certa apreensão”, afirmou.

Segundo a Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo, Paraisópolis é a maior favela da capital paulista. Segundo dados de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a comunidade tem 19.262 domicílios e é a quarta maior do País.

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