Agendas mantidas por um ajudante de ordem subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid registraram encontros secretos mantidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro com comandantes das Forças Armadas no período imediatamente posterior ao 2º turno das eleições de 2022.
Os jornalistas Bela Megale, no jornal O Globo, e Aguirre Talento, no portal Uol, noticiaram nesta quinta-feira (21) que Cid relatou à Polícia Federal ter presenciado reuniões em que Bolsonaro e militares trataram de golpe militar. As informações também foram obtidas pelo blog da Camila Bomfim com fontes ligadas à investigação.
Ao descrever a reunião, Cid relatou que o encontro incluiu uma minuta (ou seja, um rascunho) de um decreto golpista que incluiria uma série de ilegalidades, incluindo afastamento de autoridades.
Ele também disse à polícia que a ideia de um golpe foi recebida com entusiasmo pelo representante da Marinha, mas que o representante do Exército teria resistido à proposta.
Os dados das agendas constam das caixas de e-mail institucionais entregues pela Presidência da República à CPI dos Atos Golpistas. Não há nos registros informações sobre os assuntos tratados nos encontros. Também não há ainda confirmação de que alguma das reuniões seja a mencionada por Mauro Cid em sua delação.
Em nota divulgada nesta quinta-feira, o Comando da Marinha disse que não teve acesso à delação, que é fiel no cumprimento da lei e que a opinião de um oficial não reflete o posicionamento da Força.
Já a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou nota nesta quinta-feira (21) para dizer que ele não compactuou com ações “fora da lei”.