A agenda econômica não é a única sob a qual o governo concentrará as articulações políticas. A pauta conservadora também receberá atenção. O Palácio do Planalto avalia que há mais afinidade do Congresso com as propostas econômicas, mas analisa que não pode deixar de dar a resposta aos eleitores. Por isso, a articulação política estuda quando iniciar as discussões de matérias como a revogação do Estatuto do Desarmamento, redução da maioridade penal e escola sem partido no Parlamento.
O engavetamento de “pautas bomba” para a fé cristã no Senado é outra medida que o governo estuda. Na Casa, estão projetos como o que regulamenta a união homoafetiva, o que descriminaliza o uso de drogas e o que legaliza jogos de azar. Trabalhar pelo arquivamento das matérias é analisado pelo Planalto como uma resposta não só para os eleitores, mas também para a bancada evangélica.
A eleição do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) para Presidência do Senado pode ajudar a emplacar ou a engavetar pautas conservadoras do governo. O parlamentar é judeu e, por esse motivo, interlocutores do presidente Jair Bolsonaro acreditam que ele possa atuar com alinhamento nas propostas relacionadas aos costumes e à moral. O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) avalia que é possível avançarem pautas conservadoras, desde que sem radicalismos.
O tucano usa como exemplo a escola sem partido. Autor do texto original, Izalci critica as diversas mudanças que fizeram à matéria, radicalizando-a. “Pegaram o projeto original que apresentei, votaram todos os apensados. Mudaram tanto que não conseguiu passar. Ficou muito radical. Acho que algumas coisas tendem a ser aprovadas, mas sem radicalismo, com lógica”, pondera.
A agenda conservadora do governo também pode ser pautada na Câmara. Na costura pelo apoio do PSL, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), reeleito presidente da Casa, acenou com a possibilidade de ser o “trator” que os pesselistas pediam. Isso significa que, havendo aprovação das matérias conservadoras nas comissões, ele pode colocá-las em votação no plenário. “Maia é bem democrático e respeita a maioria”, comenta Izalci. Na última legislatura, ele foi deputado federal.