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domingo 22 de outubro de 2023 às 08:31h

Agenda anti-STF no Congresso supera temas morais em ataques à Corte nas redes sociais

DESTAQUE, JUSTIÇA, NOTÍCIAS


Há um ano e meio, o senador Magno Malta (PL-ES) usava as redes sociais para atacar Rodrigo Pacheco (PSD-MG). “Esse presidente do Senado é uma vergonha”, esbravejou em março de 2022. Na época, segundo Marlen Couto , do O Globo, o presidente do Senado entrou na mira de bolsonaristas por barrar pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Atualmente, o mesmo Malta adota tom mais cordial ao se referir ao colega. No início do mês, postou foto ao lado de um sorridente Pacheco para falar que o mineiro defende a criação de mandato para ministros da Corte. Em setembro, ele já havia afirmado que o presidente do Senado “merece respeito de todo o Brasil”, por apresentar uma proposta de proibição do porte de qualquer tipo de droga.

A mudança exemplifica o realinhamento ocorrido também no debate digital. Levantamento do Instituto Democracia em Xeque a pedido do GLOBO mostra que a agenda anti-STF do Congresso mobilizou mais ataques ao tribunal pelo campo da direita no Facebook, no último mês, do que pautas morais, como a descriminalização do aborto. Além disso, foi o principal assunto do segmento na mesma rede e no Instagram nas postagens que mencionam a Corte e seus ministros. Já a esquerda, neste período, saiu em defesa da atuação dos magistrados e exaltou decisões como a rejeição à tese do marco temporal e as primeiras condenações relacionadas ao 8 de janeiro.

A análise, feita pelos pesquisadores Ana Julia Bernardi, Alexsander Dugno Chiodi e Tiago Borges da Silva, partiu de 33 mil publicações com maior impacto digital no Facebook, no Instagram e no YouTube, entre 13 de setembro e 13 de outubro. As postagens de bolsonaristas sobre o Judiciário mapeadas geraram quase 36 milhões de interações nas três plataformas. Já os perfis da esquerda geraram um terço desse total no número de reações a conteúdos que citam a Corte (11,1 milhões).

— Ao passo que a extrema direita busca culpabilizar o STF, a esquerda e o centro vêm endossando suas decisões como constitucionais, tais quais a divisão dos Poderes pressupõe — aponta a pesquisadora Ana Julia Bernardi.

Menções ao Judiciário nas redes — Foto: Arte / O GLOBO
Menções ao Judiciário nas redes — Foto: Arte / O Globo

A narrativa central é que o STF assume competências do Legislativo. O grupo se engajou principalmente com a obstrução de pauta no Senado e na Câmara, a proposta de criação de mandato para ministros e o texto para permitir que parlamentares derrubem decisões que julguem extrapolar limites constitucionais.

Nos bastidores, a adesão de Pacheco a pautas anti-STF é vista como estratégia para eleger Davi Alcolumbre (União-AP) seu sucessor na presidência do Senado. Outro objetivo seria acenar ao eleitorado mais à direita, de olho no governo de Minas. Entre bolsonaristas, o posicionamento tem sido usado para atacar o STF, sem isso significar uma adesão a Pacheco, explica Ana Julia Bernardi:

— Suas falas são usadas para dar um pouco mais de legitimidade ao radicalismo em relação ao STF.

Já Chiodi chama atenção para mudanças na dinâmica do bolsonarismo. Se antes veículos de comunicação alinhados ao campo eram os principais canais com ataques no YouTube, eles agora se concentram entre usuários comuns e parlamentares. Já o Instagram foi a única plataforma em que houve alta nas citações à Corte e aos ministros frente a 2022.

— O debate sobre o STF no Instagram está mais quente do que nas eleições, e são parlamentares que encabeçam esse ataque — alerta.

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