Passados quase seis meses do governo Lula, a AEB (Agência Espacial Brasileira) continua sendo presidida segundo Fábio Zanini, da Folha, por Carlos Augusto Teixeira de Moura, um coronel da reserva da Aeronáutica nomeado em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A indefinição na agência preocupa o setor. Enquanto a ministra do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), Luciana Santos, não define quem comandará a AEB, já foram assinados dois acordos na área, e não há clareza de como serão executados.
Um deles foi firmado em abril em Pequim, na China, e prevê o desenvolvimento, fabricação, lançamento e operação conjunta do Satélite Sino Brasileiro de Recursos Terrestres.
Outro, assinado em 5 de maio, transfere R$ 219 milhões do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para o desenvolvimento de tecnologia espacial, sendo a maior subvenção já concedida pelo fundo na sua história.
Base de Alcântara
Enquanto isso, Carlos Moura já fez três viagens internacionais, só em 2023. Ao todo, as idas para China, Emirados Árabes e Portugal custaram ao erário R$ 98,4 mil.
Procurado, o MCTI afirmou estar atento “aos critérios técnicos exigidos” para a presidência da AEB e destacou os recentes acordos firmados como um “impulso” ao Programa Espacial Brasileiro.
A AEB afirmou seguir trabalhando normalmente e destacou que as missões internacionais das quais o diretor participou foram convocadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Disse também que o presidente da agência já trabalhou na política espacial em governo anteriores, entre 2008 e 2016.