A África do Sul insistiu, nesta segunda-feira (23), na amizade que mantém com a Rússia durante una visita do ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, que gera críticas ao governo sul-africano por sua posição sobre a guerra da Ucrânia.
Assim como muitos outros países africanos, a África do Sul se opôs à condenação da invasão russa e não apoiou as sanções econômicas adotadas pelos países ocidentais.
Na semana passada, o governo sul-africano anunciou que realizará, durante 10 dias em fevereiro, exercícios militares com Rússia e China na cidade portuária de Durban e em Richards Bay.
“Todos os países realizam exercícios militares com seus amigos”, disse a ministra de Relações Exteriores sul-africana, Naledi Pandor, em uma coletiva de imprensa posterior à reunião.
Pandor agradeceu o “encontro maravilhoso” que, segundo ela, deve servir para “reforçar as já boas relações” bilaterais. Além disso, a ministra se referiu à Rússia como um “parceiro valioso”.
A África do Sul assumiu na semana passada a presidência do BRICS, grupo de potências emergentes que também inclui Brasil, Rússia, China e Índia, e que constitui um contrapeso às estruturas de governança lideradas por Estados Unidos e Europa.
Apesar de o país rechaçar tomar partido sobre a guerra na Ucrânia, a aproximação com Moscou gera críticas ao governo, em especial reprovações por ter supostamente abandonado sua histórica posição de neutralidade.
“Está cada vez mais óbvio que o governo sul-africano está do lado da Rússia”, lamentou Darren Bergman, deputado da oposição Aliança Democrática.
Essas críticas somam-se às feitas na semana passada pela fundação do arcebispo emérito sul-africano Desmond Tutu, falecido em 2021, que considerou os exercícios navais com a Rússia “uma vergonha”.
Lavrov, por sua vez, afirmou que Moscou apreciava “o enfoque independente, equilibrado e ponderado” adotado pela África do Sul.
Em uma entrevista coletiva, o ministro russo acrescentou que Moscou não “se opõe a negociar” com a Ucrânia. “Mas aqueles que se opõem a isso devem entender que, quanto mais tempo durar a rejeição para negociar, será mais difícil encontrar uma solução”, insistiu.
Membros da comunidade ucraniana se manifestaram em Pretória contra a visita de Lavrov em um protesto com cartazes com os dizeres: “Lavrov, volte para o seu país” e “Chega de mentiras! Acabem com a guerra”.