O deputado federal e ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB-MG) foi escolhido por correligionários, nesta quarta-feira, para ser o novo presidente do Instituto Teotônio Vilela, órgão de formação partidária do PSDB. A escolha de Aécio representa mais uma vitória interna do deputado mineiro, uma semana depois de ter sido o principal fiador da escolha do ex-governador de Goiás Marconi Perillo como novo presidente nacional da sigla.
A escolha de Aécio ocorreu por unanimidade entre os 23 conselheiros do instituto, que se reuniram nesta quinta pela primeira vez desde a convenção nacional tucana. Desde a vitória de Perillo na convenção, havia uma disputa nos bastidores entre Aécio e o ex-governador de São Paulo Rodrigo Garcia para assumir a fundação.
O órgão é cobiçado tanto por sua capilaridade nacional, já que se dedica à “doutrinação e educação política” de filiados em todo o país, quanto por seu orçamento. A legislação eleitoral determina que no mínimo 20% dos recursos do fundo partidário sejam destinados por cada sigla às respectivas fundações.
No ano passado, de acordo com a prestação de contas apresentada pelo PSDB ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o partido destinou R$ 13,4 milhões ao Instituto Teotônio Vilela. À época, a legenda tucana recebeu R$ 63 milhões do fundo partidário.
Em 2023, devido à redução em suas bancadas na Câmara e no Senado, a fatia total do fundo partidário que cabe ao PSDB caiu para cerca de R$ 34 milhões. O partido, contudo, é autorizado pela legislação a gastar mais do que 20% de seu fundo com o instituto.
Dirigentes tucanos avaliam que Aécio vem reconquistando poder dentro do partido desde o ano passado, e avançou novas casas com a ascensão de Perillo, seu aliado de longa data, à presidência tucana. Outro aliado de Aécio, o deputado federal Paulo Abi-Ackel, ficou com a secretaria-geral do partido com a formação da nova Executiva nacional, na semana passada.
Na tentativa de contrabalancear o poder de Aécio, a maioria da bancada federal do PSDB, composta hoje por 14 deputados e dois senadores, costurou apoio ao nome de Rodrigo Garcia para assumir a fundação. O movimento também contou, inicialmente, com a anuência dos três governadores tucanos: Eduardo Leite (RS), Raquel Lyra (PE) e Eduardo Riedel (MS).
Além de aplacar a ascensão do ex-governador de Minas, a escolha de Garcia também era vista como um aceno ao diretório estadual dos tucanos em São Paulo, fraturado em disputas internas e sem representação significativa na nova Executiva nacional do PSDB. O objetivo, ao empoderar Garcia, era oferecer um norte à reorganização do partido no estado que foi seu principal berço eleitoral até 2022.
Aécio, no entanto, arregimentou alianças tanto na bancada federal, quanto no diretório de São Paulo, e esvaziou o movimento a favor de Garcia. Em nota divulgada após sua escolha para presidir o Instituto Teotônio Vilela, Aécio disse que a fundação será uma plataforma para reposicionar o PSDB na oposição ao governo Lula (PT):
“Somos oposição ao atual governo e através do ITV, com a participação de economistas, intelectuais de várias áreas e políticos altamente qualificados, vamos, ao lado do presidente Marconi Perillo, aprofundar o debate sobre a teses e propostas do partido para o Brasil”, afirmou o deputado mineiro.