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quinta-feira 30 de novembro de 2023 às 21:19h

Acusado por ex-assessores, Janones fez série de críticas a supostas ‘rachadinhas’ da família Bolsonaro

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Antes de se ver no meio de acusações de suposta rachadinha em seu gabinete, após serem divulgados áudios em que negocia uma ‘vaquinha’ com os salários de seus assessores, o deputado federal André Janones (Avante – MG) fez segundo Fernanda Alves, do jornal O Globo, diversas publicações relacionando a família do ex-presidente Jair Bolsonaro com a prática. Em seu perfil no X (ex-Twitter) é possível identificar que o parlamentar tratava do tema pelo menos desde 2021.

Muitas das postagens de Janones eram relacionadas à denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho de Jair Bolsonaro, que chegou a ser acusado dos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e apropriação indébita no caso após identificadas movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão na conta do ex-assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (PL), Fabrício Queiroz. Em 2021, no entanto, o Superior Tribunal de Justiça anulou as decisões tomadas na Justiça fluminense e deu fim à investigação.

Em uma das publicações, Janones chega a afirmar que iria colher assinaturas para convocar uma CPI para investigar as supostas alegações de rachadinha contra o clã Bolsonaro. O parlamentar pediu ainda que a população pressionasse outros deputados para que eles assinassem o documento. A Comissão nunca foi instalada.

Em outro momento, ele afirma que a definição de “rachadinha” dada à prática de reembolso de parte de salário dos funcionários “faz parecer uma “bobagem” e “coisa pouca”.

“O termo ‘rachadinha’ dá o tom de coisa pouca, faz parecer uma “bobagem” “coisa pouca” até por não ter uma tipificação penal específica”, escreveu o parlamentar.

Em uma das publicações, de setembro de 2021, ao responder um apoiador de Bolsonaro, o deputado chega a afirmar que em seus gabinete não fazem rachadinha. O comentário foi direcionado a um internauta que o chamou de “bandido”.

Em outro post, sem citar Bolsonaro, Janones afirma que não gostaria de ser reconhecido como o deputado que fez rachadinha em seu gabinete:

Em uma postagem em que comemora sua influência na internet, onde marca inclusive os filhos de Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), Janones chega a chamar Flávio de “Flávio Rachadinha”.

Post de Janones onde marca filhos de ex-presidente — Foto: ReproduçãoPost de Janones onde marca filhos de ex-presidente — Foto: Reprodução

Carlos Bolsonaro também já viu seu nome relacionado com a prática de “rachadinha”. O Ministério Público do Rio instaurou, em 2019, dois procedimentos para investigar denúncias de uso de funcionários fantasmas e aplicação do esquema em seu gabinete, na Câmara Municipal do Rio. A denúncia foi protocolada com base em reportagem da revista “Época” publicada em junho daquele ano, que mostrava que o “zero dois” empregou sete parentes da sua ex-madrasta Ana Cristina Valle, mãe de Jair Renan.

Segundo a estrutura identificada pelo órgão, um assessor usou contas pessoais para pagar despesas pessoais de Carlos, mas ainda seguem as apurações para definir se os pagamentos foram eventuais ou regulares. O MP ainda procura descobrir ainda se o filho “zero dois” do ex-presidente foi efetivamente beneficiado do desvio de salários de seis servidores lotados no gabinete.

Caso Janones

Dois ex-assessores do deputado André Janones (Avante-MG) relatam que o parlamentar cobrava funcionários lotados em seu gabinete na Câmara a repassar parte dos seus salários. Em entrevista ao GLOBO, Cefas Luiz Paulino e Fabrício Ferreira de Oliveira disseram que a prática, conhecida no mundo político como “rachadinha”, envolvia até mesmo os valores recebidos como 13º e chegava a 60% dos vencimentos.

A suspeita de rachadinha no gabinete de Janones é investigada pela Polícia Federal desde 2021. Em áudios divulgados na segunda-feira pelo site Metrópoles, o deputado diz que os servidores deveriam usar uma fatia dos salários recebidos da Câmara para pagar dívidas de campanha. O parlamentar nega ter praticado qualquer irregularidade e afirmou nas redes sociais que o pedido revelado na gravação foi feito ainda antes de se eleger, em 2018, para pessoas que ainda não trabalhavam em sua equipe. Janones disse ainda que não colocou a sugestão em prática, já que a ideia foi “vetada” por sua advogada. Procurado pela reportagem para falar sobre a acusação dos ex-funcionários, ele não retornou aos contatos.

De acordo com Paulino, que trabalhou no gabinete de fevereiro de 2019 até outubro de 2022, com salário de R$ 19.562, os pedidos para repassar parte do seu salário começaram no início de 2019, logo após Janones assumir o seu primeiro mandato. O parlamentar foi reeleito no ano passado. Segundo o ex-funcionário, a responsável pela arrecadação dos recursos juntos aos assessores de Janones era Leandra Guedes (Avante), atual prefeita de Ituiutaba, em Minas Gerais, e aliada de confiança do parlamentar. Ela foi procurada pelo jornal por meio de sua assessoria, mas não se manifestou.

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