Governo federal e oposição avançaram na reconstrução do serviço médico de atenção básica. Sem ruídos, criaram no Congresso segundo José Casado, em sua coluna na Veja, as condições para contratação de dez mil médicos na rede de atendimento do Sistema Único de Saúde.
Não é pouca coisa num país que, nos últimos cinco anos, eliminou da folha de pagamento 52% dos profissionais disponíveis em quatro mil municípios.
Em 2017, haviam 18,2 mil médicos nos postos de saúde. A insensatez administrativa levou à redução do efetivo disponível para 8,6 mil em dezembro passado.
Resultado da incúria: sete de cada dez municípios brasileiros atravessaram emergência sanitária da pandemia sem atendimento médico básico.
Nas áreas indígenas, mais remotas, a cobertura do serviço primário de saúde era total e acabou reduzida a 58%.
O impacto foi devastador, agravado pelo avanço do garimpo e da exploração madeireira em comunidades como a dos ianomâmis, em Roraima. Ainda não são conhecidos os dados oficiais sobre a mortandade indígena nesse período.
O acordo entre o governo e o Congresso mostrou como o país pagou um alto preço pela cegueira deliberada na política.
O desmonte do programa de atenção médica básica foi justificado pela despesa financeira, considerada alta. Na remontagem, agora, o programa, agora, vai custar R$ 712,5 milhões neste ano e cerca de R$ 3 bilhões nos próximos.
Incalculável continua sendo o custo em vidas perdidas.