Segundo a Folha de S. Paulo, doze candidatos a governador pelo país precisarão superar um forte histórico de adversidade no segundo turno para obter a vitória.
Desde que a eleição aos governos passou a ser disputada em dois turnos, em 1990, apenas 29% dos candidatos que chegaram em segundo lugar na primeira etapa conseguiram uma virada na votação final.
Foram 108 disputas para governador em dois turnos, com 31 vitórias de quem ficou atrás na primeira votação.
No pleito passado, em 2018, houve o menor volume de viradas da história —apenas 2 em 14 disputas.
As duas reviravoltas ocorreram impulsionadas pela onda bolsonarista que favoreceu candidatos novatos e que marcou a eleição daquele ano. Em Rondônia, Marcos Rocha, então estreante do PSL, despontou nas pesquisas nas vésperas do primeiro turno e descontou na segunda rodada desvantagem de oito pontos percentuais para um candidato do PSDB.
Em Santa Catarina, houve situação parecida com o então desconhecido candidato Comandante Moisés, também do PSL.
Um dos casos mais simbólicos de reviravolta ocorreu em Minas Gerais, em 1994, quando o tucano Eduardo Azeredo ficou 21 pontos percentuais atrás do mais votado na primeira rodada, Hélio Costa (PP), e ainda assim acabou eleito governador.
Em São Paulo, em 1990, Luiz Antonio Fleury, então no PMDB, se elegeu após conseguir reverter vantagem de 15 pontos que havia sido obtida por Paulo Maluf (que era do PDS) na primeira votação.
Maluf voltaria a sofrer derrota dessa maneira em 1998, para o tucano Mario Covas.
Reviravoltas do tipo geralmente são fomentadas pela elevada taxa de rejeição de uma das candidaturas ou pela bem-sucedida adesão de um postulante de peso derrotado na primeira votação.
Neste ano, a maior vantagem a ser revertida, proporcionalmente, é a conquistada por Wilson Lima (União Brasil), que tenta a reeleição no Amazonas. Ele abriu 22 pontos percentuais de frente sobre o senador Eduardo Braga, do MDB, na votação deste domingo (2).
Margem parecida foi construída pelo bolsonarista Jorginho Mello em Santa Catarina, único estado em que a disputa PL e PT vai se repetir localmente. O segundo lugar é o petista Décio Lima.
Em direção oposta está a eleição em Mato Grosso do Sul, a mais aberta do país na segunda rodada. O candidato Capitão Contar (PRTB) chegou apenas 1,55 ponto percentual à frente do tucano Eduardo Riedel.
Na Bahia, o cenário é muito adverso para o segundo colocado, ACM Neto (União Brasil) porque lá houve a distância mais curta para que a definição ocorresse sem a necessidade de nova votação.
O petista Jerônimo Rodrigues teve 49,45% dos votos válidos, faltando menos de 45 mil votos para definir a disputa já no último fim de semana.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, a diferença do líder, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para o segundo colocado, Fernando Haddad (PT), é de sete pontos percentuais.
Quinze governadores foram eleitos já no domingo, a maioria deles em reeleição.
Em eleições presidenciais, houve até este ano segundo turno em 6 das 8 eleições desde a redemocratização, sem que tenha ocorrido nenhuma virada.
Em uma dessas disputas houve até uma situação inusitada: em 2006, Geraldo Alckmin, então no PSDB, fez menos votos na segunda rodada do que na primeira. Ele perdeu justamente para Lula, seu atual companheiro da chapa presidencial encabeçada pelo PT.