O presidente do DEM, ACM Neto, afirmou ao jornal Folha de S. Paulo que o partido é alvo de um ataque especulativo de políticos que estão antecipando —inadequadamente, em sua opinião, dado o cenário pandêmico— os debates eleitorais de 2022.
“Agora não é hora de ficar falando de mudança de partido, de pré-candidatura, em disputa de 2022. O momento é de superação da pandemia, de salvar vidas e recuperar a economia”, afirma.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes, migrou para o PSD, mesmo caminho que pode ser tomado pelo deputado Rodrigo Maia (RJ). Além deles, o vice-governador de SP, Rodrigo Garcia (SP), deve ir para o PSDB. Políticos falam em crise de identidade do DEM.
ACM diz que a posição relevante da legenda na política nacional “desperta inveja e interesse de diversos setores de gerar desgaste no partido”. Para ele, “só quem é grande e forte incomoda. E está muito claro que o DEM está incomodando.”
“Não é o primeiro ataque especulativo que sofremos. No passado, sobrevivemos a uma certeza. Quero lembrar: o PT disse que iria acabar com o DEM. Não acabou. Passamos por tudo isso porque temos coerência, princípios, bandeiras claras e quadros.”
Ele lembra que o DEM foi o partido que mais cresceu, em números absolutos, na comparação entre as eleições de 2020 e 2016. No ano passado, elegeu 464 prefeitos, contra 268 no pleito anterior. Além disso, aumentou em 49% o número de vereadores eleitos.
Parlamentares do DEM afirmam que têm buscado partidos em que o cenário para 2022 esteja mais aberto, com possibilidade de articulação tanto para Lula (PT) como para Bolsonaro, ao passo que ACM já teria vetado ambos sem ainda apresentar uma alternativa clara.
O ex-prefeito de Salvador afirma que não existe veto a respeito de discussão que nem começou no partido. Mas diz que, de fato, o DEM não cogita apoiar nem Lula nem Bolsonaro.
“Se existem partidos no Brasil que podem apoiar qualquer um, nesse rol não nos incluímos. Não vou apontar o dedo nem julgo ninguém, mas se algum partido cogita apoiar de Lula a Bolsonaro, algum problema esse partido tem”, afirma ACM ao Painel.
“Se eu admitisse apoiar qualquer candidato de Lula a Bolsonaro, seria a expressão clara de um partido sem qualquer identidade. Que não é o caso do DEM”, afirma o presidente de DEM, que ressalta não estar se comparando a ninguém nem julgando as posturas de outros partidos.
“Seria o partido do oportunismo do Brasil se admitíssemos apoiar de Lula a Bolsonaro. Não é o caso do DEM, que tem bandeiras claras.Não foi à toa que ficamos na oposição durante todo o período que o PT esteve no poder, mantendo coerência, princípios e bandeiras. Óbvio que não vou cogitar apoiar de um extremo a outro”, completa.