O presidente nacional do DEM, ACM Neto, comentou sobre a reunião com líderes partidários em Brasília nesta semana. Ao jornal A Tarde, o ex-prefeito de Salvador confirmou que a partir das conversas com representantes do PSDB, Cidadania, MDB, PV e PDT, uma “articulação nova e interessante” pode surgir. “Tenho vindo toda semana para cuidar das coisas do partido. Tivemos esse almoço ontem e pode ser que surja uma articulação nova e interessante a partir desse papo”, assegurou.
Participaram do encontro os presidentes do PSDB, Bruno Araújo; do Cidadania, Roberto Freire; do Podemos, Renata Abreu; e do PV, José Luiz Pena. O deputado Herculano Passos representou o presidente do MDB, Baleia Rossi, que não foi ao evento. Carlos Lupi, presidente do PDT, e Luciano Bívar, do PSL, também foram convidados, mas não compareceram, segundo informações do Portal IG.
O líder nacional do DEM tenta juntar as forças após baixas de quadros importantes, como o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que saiu expulso da sigla após desentendimento público com o próprio ACM Neto – ambos de malas prontas para desembarcarem no PSD. A briga tem origem na última eleição para a Casa, quando Neto deixou os correligionários livres para decidirem sobre o seu candidato, o que resultou na adesão quase total à candidatura de Arthur Lira (PP-AL), postulante apoiado pelo governo Bolsonaro e que venceu com folga Baleia Rossi (MDB).
O presidente nacional do MDB era a aposta de Maia, que considerou uma traição o gesto do ex-prefeito da capital baiana. O encontro com as lideranças em Brasília foi mais uma oportunidade para se reaproximar do próprio MDB. Segundo ACM Neto, qualquer rusga pela eleição da Câmara já foi “esclarecida”. Em relação ao PSDB, do governador João Doria, Neto garante que nunca chegou a ter nenhum tipo de impasse. O seu único problema é conhecido e pontual com Doria, que tirou o seu vice, Rodrigo Garcia, do DEM, e levou consigo para o PSDB. “Zero problema com o partido. A questão foi pontual com Doria”, disse.
A confirmação do formato das prévias do PSDB essa semana pode mudar o cenário e colar de vez os dois partidos, caso Doria não seja o escolhido pelos filiados e mandatários. Em maio, Neto disse que a “postura desagregadora” de Doria aniquilou qualquer chance de apoio à sua candidatura à presidência em 2022. Doria terá agora pela frente dois pré-candidatos internos a superar: o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o senador Tasso Jereissati (CE), este último visto como um nome possível de reunir diferentes espectros políticos e se colocar como uma opção à polarização Lula-Bolsonaro.
Acusado de ser aliado de Bolsonaro por Rodrigo Maia, ACM Neto diz que tratará da eleição de 2022 no “momento oportuno”, mas nega que este tenha sido o motivo para a saída de qualquer nome do DEM. “Quem saiu teve razões próprias, nada de fato relacionado ao posicionamento nacional do partido. Alguns podem até ter utilizado essa desculpa, mas não foi isso na real”, resumiu.