sexta-feira 22 de novembro de 2024
Equipamentos são utilizados para garantir acesso à água e estimular atividades produtivas. Foto: Andrea Pinheiro/SUDENE
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quinta-feira 4 de julho de 2024 às 15:39h

Ação da Sudene leva sustentabilidade hídrica a comunidades quilombolas do sertão

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Garantir o acesso da população do semiárido a tecnologias sociais que promovam a melhoria da qualidade de vida da população é uma das prioridades da Sudene. Foi com esse objetivo que a Superintendência do Desenvolvimento do Nordest, em parceria com a Prefeitura desse município piauiense, promoveu a implantação de sistemas de tratamento e reúso de águas cinzas domiciliares, entregues nesta quarta-feira (3). No total, foram instalados 28 sistemas de filtragem biológica de águas cinzas

Fizeram parte do projeto cinco comunidades quilombolas rurais – Lagoa das Emas, Lagoa do Moisés, Lagoa dos Prazeres, Lagoa do Calango e Lagoa da Firmeza, compostas de pequenos agricultores, associações de quilombolas e cooperativas de produtores orgânicos do município. Essas comunidades reúnem aproximadamente 262 famílias, compreendendo cerca de 1.040 pessoas. O investimento total foi de R$ 476 mil.

“Essa ação representa o que fazemos na Sudene, que é buscar soluções que possam reduzir as desigualdades socioeconômicos da nossa região. Esse projeto fala para a segurança hídrica, o saneamento, a agricultura familiar, a geração de renda, através de uma tecnologia sustentável, que pode ser replicada em outras comunidades, outras cidades”, afirmou o superintendente da Sudene, Danilo Cabral.

Moradora da comunidade do Moisés e uma das beneficiadas pelo projeto, Carla Pereira destacou que um dos principais resultados do projeto é o sangramento. “Antes eu tinha três esgotos a céu aberto minha casa, com a água pelo quintal. Agora, tenho apenas um esgoto tratado e ainda consigo aguar minhas plantas”, contou.

A coordenadora-geral de Desenvolvimento Sustentável da Sudene, Beatriz Lyra, anunciou que vai ampliar o projeto em mais uma etapa por seis meses pelo menos. “Vamos acompanhar o uso da água pelas famílias para analisar sua qualidade e também vamos assegurar a manutenção dos equipamentos”, disse. Ela ressaltou que a ideia é analisar os resultados para usar a tecnologia social em outras cidades.

O projeto foi desenvolvido em etapas. As primeiras foram de mobilização das comunidades e, em seguida, foram realizados seminários sobre o reaproveitamento de águas e oficinas voltadas para a produção familiar. Só depois ocorreu a implantação dos Sistemas de Tratamento e Reúso de Águas Cinza. As famílias das comunidades também participaram de 15 minicursos voltados para a agricultura familiar, com temas como desmistificação do reúso de águas cinzas, construção, funcionamento do sistema de reúso, além da aplicabilidade em quintais produtivos, além de produção de mudas e de plantas alimentícias.

Um bom número de famílias é chefiado por mulheres que cuidam de hortas orgânicas e outras atividades como a apicultura. As comunidades compreendem uma faixa etária diversificada, possuindo um bom número de jovens com idade entre 18 a 40 anos. Além disso, têm na agricultura de sequeiro e pecuária de pequenos animais como suas principais fontes de renda, dentre elas se destacam a apicultura e o plantio de algodão orgânico por algumas famílias.

A prefeita Carmelita Castro destacou o impacto que o projeto tem para a saúde. “Tratamos a questão da segurança hídrica e, por consequência, estamos cuidando da nossa população. Isso é possível graças às parcerias, às nossas equipes técnicas.

Segundo o secretário do Meio Ambiente de São Raimundo Nonato e coordenador do projeto, André Landim, a água reutilizada é rica em nutrientes e “as culturas que a receberão poderão se desenvolver de forma mais rápida e melhor, consequentemente, garantindo alimentação dessas famílias”. Ele destacou, ainda, que outro ponto positivo do projeto é a possibilidade de comercialização dos produtos oriundos do quintal produtivo.

Os quintais produtivos são sistemas simplificados que integram hortas, jardins, plantas frutíferas e medicinais, além da criação de animais. “Portanto, essas águas cinzas serão ‘recicladas’ para que sejam a irrigação ideal desses quintais, garantindo alimento de qualidade”, enfatizou. Atualmente, o projeto está na etapa de implantação, com a entrega dos materiais para implementação. Já foram realizados minicursos, seminários e oficinas em todas as cinco comunidades.

A Sudene vem buscando implementar ações que minimizem os efeitos da seca na região e a segurança hídrica é um dos eixos estratégicos do Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste (PRDNE), que considera a água um fator fundamental para o desenvolvimento sustentável da região, em especial o semiárido. O propósito de projetos como o de reúso implementado em São Raimundo Nonato é dar um novo destino à água que seria normalmente descartada. A Sudene pretende, com isso, estimular projetos que permitam a convivência rentável e ecologicamente equilibrada com as condições climáticas características do semiárido.

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