Um abaixo-assinado de alunos da Universidade Federal da Bahia (UFBA) pede a retirada de um quadro das paredes da Escola de Belas Artes cuja simbologia, segundo eles, é racista.
A pintura, de Miguel Navarro y Cañizares, se chama “Alegoria da Lei Áurea” e representa segundo a coluna de Guiçherme Amado, do Metrópoles, a abolição da escravidão como uma espécie de presente da princesa Isabel.
Em cima de um altar, Isabel carrega uma cruz em que estão inscritas as palavras “a redenção” e “Deus caridade”. Ela está cercada de autoridades do império. Abaixo dela, há mulheres negras ajoelhadas levantando as mãos.
“Nota-se nessa estrutura triangular, a presença do Estado (à direita, centro e esquerda) consagrada pela religião ao alto, em gesto de doação do direito de liberdade ao povo negro, o que sabemos nitidamente, por meio da própria história, que se trata de versão distorcida dos acontecimentos políticos e sociais da época”, afirma o texto.
“Estaria a Escola de Belas-Artes minimamente atenta a isso? Porque não há qualquer interesse pelo debate em torno da imagem que persiste em sua parede? Ou, porque não há qualquer comoção pública entre servidoras e servidores, especialmente entre o corpo docente, em relação a esse contexto?”
A interpretação histórica de que a abolição da escravidão ocorreu por uma benevolência das elites brancas é questionada pelo movimento negro.
Até esta sexta-feira (3), o abaixo-assinado, escrito por alunos de artes visuais da universidade, tinha 517 assinaturas.