No círculo mais próximo do prefeito ACM Neto (DEM) e mesmo entre correligionários que não cruzam com ele com tanta frequência, é comum se ouvir que o democrata é um homem de sorte, daqueles em que não só o trabalho tem rápido e amplo reconhecimento como as oportunidades parecem favorecê-lo amiúde.
A lembrança cai como a luva para a situação que Neto vive hoje no cenário político baiano. A despeito de ter colocado a coligação com o MDB como uma meta que lhe daria mais conforto no projeto de se candidatar ao governo, o objetivo não se concretizou por resistência do deputado federal emedebista Lúcio Vieira Lima.
E, pelo visto, o que parecia uma dificuldade transformou-se agora num alívio para a articulação política do prefeito, principalmente depois das ações policiais desta manhã que prenderam ou colocaram sob investigação amigos, aliados e ex-assessores diretos do presidente Michel Temer, maior liderança do MDB no país.
Com efeito, desde o princípio aliados resistiam à idéia da aliança de Neto com os emedebistas não só por causa da vinculação com a família Vieira Lima, que virou sinônimo do bunker com R$ 51 milhões, como por causa da incontornável impopularidade de Michel Temer, provocada tanto por motivos morais como administrativos.
Sem dúvida, com o acordo que celebrou com o PR, esta semana que de Santa não tem nada, Neto conseguiu suprir a carência de tempo de TV que a ausência do MDB causaria em sua campanha. Agora, além de dispensável, a coligação com o MDB deixou o plano da rejeição prudente para o patamar da completa temeridade. Sem trocadilho.
Por Raul Monteiro