A postura do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes guarda uma semelhança com a de Deltan Dallagnol quando o ex-procurador da Lava Jato se candidatou a deputado.
Em 2022, Dallagnol buscava o apoio do eleitorado bolsonarista. Adotou o discurso religioso e conservador nas críticas a Lula e ao PT. Não declarou, de acordo com Paulo Cappelli e Petrônio Viana, do portal Metrópoles, seu voto a Bolsonaro no primeiro turno das eleições. Dizia ser independente.
Uma frase do ex-procurador em conversa divulgada nos vazamentos conhecidos como “Vaza Jato” ilustra bem o raciocínio. “O maior desafio é descolar do Bozo — para angariar o apoio dos jornalistas — sem perder o apoio dos apoiadores do Bozo”, escreveu Deltan.
Já eleito deputado e somente com a definição de segundo turno entre Lula e Bolsonaro, Dallagnol se posicionou oficialmente ao lado do candidato do PL.
Atualmente, Ricardo Nunes segue a mesma linha outrora adotada por Deltan. Atraiu o PL para a sua gestão mas tenta não se vincular ao ex-presidente.
Equilibrando a balança política, o prefeito mantém partidos de esquerda em cargos de primeiro escalão e tem boas relações com vereadores e deputados de diferentes correntes.
Filiado a MDB, que tem três ministérios no governo Lula, Nunes diz ser um político “de centro”.