Quando um curral da Casa da Torre, de Dias D’Ávila, foi implantado nas barrancas do Rio Grande, exatamente onde suas águas se juntam às do rio São Francisco.
Surge aí a Fazenda da Barra do Rio Grande do Sul (do Rio Grande do Sul para evitar confusão com o Rio Grande do Norte).
Junto aos sertanistas vieram os padres para catequizar os índios dessas terras. Construiu-se então uma capela. A capela de São Francisco das Chagas, da Barra do Rio Grande do Sul.
A fazenda cresceu e virou arraial.
Em 1698, o arraial passou a povoação. Isso, por determinação de Dom José I, rei de Portugal.
A Carta Régia foi assinada pelo então governador geral do Brasil, Dom João de Lancastro. Depois disso, o local ficou oficialmente conhecido como Povoação de São Francisco das Chagas, da Barra do Rio Grande do Sul. Distrito da Vila de Cabrobó, Capitania de Pernambuco.
Novos moradores chegavam de outras partes do país e até do exterior.
A povoação cresceu e em 1752 transformou-se em vila – Vila de São Francisco das Chagas, da Barra do Rio Grande do Sul; porém o novo status só foi efetivado no ano seguinte, em 1753.
Nessa época, a economia da Vila era promovida pela criação de gado, pela lavoura e pelo beneficiamento de carnes e peixes. A população era composta por vaqueiros, lavradores, pescadores, produtores de rapadura, de cachaça, caixeiros viajantes… Nobres e plebeus, escravos e senhores conviviam pacificamente.
Por mais de setenta anos a Vila de São Francisco das Chagas, da Barra do Rio Grande do Sul, esteve subordinada a Pernambuco e depois a Minas Gerais. Só em 1827, depois que o Brasil se tornou independente de Portugal, Dom Pedro I, Imperador do Brasil, incorporou à Província da Bahia a Comarca do Rio São Francisco com sede na Vila da Barra.
Apesar disso, a Igreja, que era o outro grande poder da época, só transferiu a Vila da Barra da diocese de Pernambuco para a diocese da Bahia em 1853.
Naquela época a única forma de comunicação com outras localidades era através de uma única linha de correio que ligava a Vila da Barra à Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Funcionava com homens viajando a pé carregando malas de correspondências que tinham a obrigação de passar pela Vila três vezes por mês.
Só em 1902 a situação melhorou. O vapor Saldanha Marinho começou a trafegar regularmente entre Pirapora, Minas Gerais e Juazeiro na Bahia, passando pela Vila da Barra.
Finalmente, em 16 de junho de 1873, a Vila foi promovida a cidade – Cidade Florescente da Barra do Rio Grande. No mesmo ano reduziu-se a denominação e passou a ser chamada Barra do Rio Grande. Em 1931 ficou apenas Barra.
Em sua marcha ascendente, Barra atingiu o século XX desfrutando de situação privilegiada entre as unidades municipais mais prósperas do Estado. Até a metade do século XX, quando a navegação fluvial representava o principal meio de transporte do Rio São Francisco, a Barra era um dos mais importantes entrepostos comerciais do vale do Rio da Unidade Nacional, da bacia do seu afluente, o Rio Grande, e também do subafluente, o Rio Preto, os quais, por sua vez, interligavam esta região com os estados de Goiás e Piauí.
Ainda no século XX, a partir da década de sessenta, com a implantação do transporte rodoviário como meio prioritário no país, a navegação fluvial na Região do São Francisco perdeu a importância.
Dessa forma, a Barra que apesar de ser um dos grandes centros comerciais da época, não foi beneficiada com a estrada de rodagem, entrou em decadência e permaneceu por décadas à margem do desenvolvimento.
Importantes instituições já instaladas no município como a Capitania dos Portos, o IBGE, a Codevasf, a Caixa Econômica Federal, o Bradesco, a Receita Federal, a Fundifran, entre outras. Além de diversas empresas comerciais, fecharam suas unidades na cidade.
Em consequência, grande parte da população, deixou o município à procura de melhorias, já que a Barra não oferecia qualquer oportunidade de trabalho. Os antigos distritos de Buritirama e Muquém emanciparam-se, levando consigo boa parte dessa população e das áreas apropriadas à agropecuária, enfraquecendo ainda mais a economia local.
Entretanto, as tradições culturais e históricas da Barra não permitiram que ela desaparecesse nesse turbilhão de abandono e descaso. A esperança não morreu no coração dos barrenses e o seu bairrismo e sentimento de amor à terra, constituíram os ingredientes que serviram para alimentar a busca por melhores dias.
Finalmente, a rodovia…
Em 1998 o município da Barra foi ligado a Salvador e a Brasília por estradas asfaltadas: via Xique-Xique -Irecê – Feira de Santana (BA-160) e Ibotirama – Barreiras (BA-161), respectivamente. Também, foi feita a pavimentação da pista do aeroporto local. Os sinais de recuperação começaram a aparecer, vislumbrando-se a retomada do desenvolvimento.
Paralelamente a esse acontecimento foi idealizado, criado e instalado no município o Projeto Brejos da Barra, um programa de cunho socioeconômico, com apoio da Codevasf, que realizou um trabalho importantíssimo para o desenvolvimento da zona rural da Barra, com a construção de obras de relevância social, educacional e econômica.
A partir de 2001 a Barra deu uma significativa guinada à procura de recuperação social, econômica e cultural, cujos resultados positivos verificam-se em todos os setores da sociedade organizada e em toda a área territorial do município.
Temos hoje uma Nova Barra que inspira progresso e motiva seus moradores a trabalharem em demanda de um crescimento rápido, para voltar a colocar o município em lugar de destaque no contexto das demais unidades prósperas da Bahia e do Brasil.
Fonte:
http://www.barra.ba.gov.br/site/barra_historia.asp
Por que do Rio Grande do Sul: os colonizadores não sabiam que existiam mais terras muito mais ao sul, aliás, nem tinha pisado em terras gaúchas e catarinenses e os limites para eles, vindos ou fixados no Nordeste (portanto Norte) eram ainda o Oeste, que tratavam como Sul. Precisa, entretanto os leitores saberem geografia de modo satisfatório.