O ex-presidente Jair Bolsonaro tem dado sempre a mesma resposta a quem lhe procura atrás de apoio na acirrada disputa pela sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados: para ter o endosso dele, o interessado precisa primeiro se tornar o candidato de Lira. As informações são do jornal, O GLOBO.
Segundo relatos obtidos pela equipe da coluna, foi o que ouviram do ex-presidente pelo menos dois candidatos que o procuraram ao longo dos últimos meses para pedir o apoio do PL.
A eleição só ocorre em fevereiro de 2025, mas já dita os ritmos dos trabalhos na Casa e em Brasília.
O partido de Bolsonaro é a sigla que reúne a maior bancada da Câmara, com 93 deputados, e por isso as articulações nos bastidores pela sucessão de Lira passam inevitavelmente pelo PL – para efeito de comparação, o PT de Lula reúne 68 deputados.
Entre os principais candidatos à sucessão de Lira estão os deputados Antonio Brito (PSD-BA), Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e o presidente nacional do Republicanos, Marcos Pereira (SP), mas até agora ninguém conseguiu reunir apoios para garantir a candidatura em um momento em que os parlamentares também estão concentrados nas eleições municipais de outubro.
No mês passado, Elmar e Brito movimentaram Brasília com festas que reuniram ministros do primeiro escalão do governo Lula, aliados de Bolsonaro, dezenas de parlamentares e artistas, em uma tentativa de demonstrar força entre os pares. Enquanto Elmar promoveu uma festa de aniversário em uma casa no Lago Sul, Brito realizou um dia antes um jantar para os aniversariantes do PSD do mês de julho.
Timing da escolha
Lira já indicou que pretende definir até agosto o nome do seu candidato na sucessão, mas aliados do presidente da Câmara avaliam que ele pode empurrar a escolha para o mês que vem, a depender das costuras políticas.
“É complexo achar um candidato ideal. É preciso que seja alguém que caminhe na linha tênue entre ajudar e exigir do governo Lula”, resume um aliado de Lira ouvido reservadamente pela equipe da coluna.
Lira quer construir um consenso em torno de uma candidatura, para viabilizar uma eleição sem sobressaltos, que não provoque fissuras internas na Casa.
Em entrevista ao GLOBO no mês passado, o presidente da Câmara disse que Lula deverá participar do processo de escolha do sucessor no comando da Casa legislativa, mas “não indicará nem deve vetar” um candidato.
– Ninguém do governo me disse que tem rejeição nem que aprova o outro. O que sempre ouvi do presidente Lula é que não quer se meter. Nas conversas com ele, eu disse: “Presidente, não é que o senhor não vá se meter, mas o senhor tem que participar”. Não vai indicar e também não deve vetar, porque o veto amanhã fica. Eu não seria idiota de impor ao presidente um veto a alguém. As conversas vão acontecer. Em agosto, espero que tenhamos solução pacificada por maioria – disse Lira.