O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino voltou a falar sobre a morte dos três médicos em um quiosque no Rio de Janeiro, durante visita à Bahia nesta quinta-feira (5) para uma série de visitas técnicas e estabelecer novos investimentos e ações de combate à criminalidade.
“Nesse momento, evidentemente, há uma visão clara de que se cuida de uma execução e não de um crime patrimonial pela própria dinâmica dos fatos, isso fica bem evidenciado, e há duas ou três linhas de investigação que estão sendo percorridas”, detalhou o ministro.
Os médicos atingidos pelos disparos de arma de fogo eram ortopedistas e estavam em um quiosque na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Três morreram e um está internado. Um dos mortos é o baiano Perseu Ribeiro Almeida, de 33 anos.
Assim como já havia informado nesta quinta-feira, Dino reforçou que a Polícia Federal está atuando e que conversou com o governador Claudio Castro para estabelecer a parceria entre a Polícia Civil do Rio de Janeiro e a Polícia Federal.
“A Polícia Civil do Rio de Janeiro detém o inquérito e a Polícia Federal está colaborando com ações de inteligência e de investigação. O fato de haver a proximidade com dois deputados federais faz com que nós tenhamos essa presença da Polícia Federal, inclusive porque o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, também pediu essa parceria entre a Polícia Legislativa e a Polícia Federal”, explicou.
O ministro da Justiça também se solidarizou com as famílias das vítimas. Assim como ele, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT) também falou sobre o caso.
“Também me solidarizo com a família baiana, que acaba de perder um médico da rede estadual, do Hospital Prado Valadares [em Jequié] e da mesma forma eu presencio a preocupação do presidente Lula, do ministro Rui [Costa], do ministro Paulo [Pimenta] e do ministro Dino em irmos atrás dos responsáveis por aquelas mortes no Rio de Janeiro”, disse o governador.
Ministro na Bahia
O ministro visitou a Bahia para participar da entrega de obras de modernização da sede da Polícia Federal, em Salvador , além da entrega simbólica da Delegacia da PF de Vitória da Conquista; assinatura do termo de cooperação para implantação da Delegacia da Polícia Federal em Feira de Santana; assinatura de acordo de cooperação técnica para criação da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO), em Ilhéus; repasse de recursos e entrega de veículos e equipamentos destinados ao incremento no sistema prisional da Bahia.
Antes da entrega, Flávio Dino participou de uma coletiva de imprensa, onde falou sobre a violência na Bahia, mas também foi questionado sobre o assassinato de três médicos no Rio de Janeiro.
A viagem de Dino à Bahia foi divulgada após reunião entre o ministro e o governador do estado, Jerônimo Rodrigues, em Brasília.
A visita ministro acontece em meio à onda de violência na Bahia que, em agosto, levou o governo federal a firmar um acordo com o estadual para combater o crime organizado.
Apreensão recorde de fuzis
O número de fuzis apreendidos entre janeiro e setembro deste ano na Bahia mais que dobrou em relação ao comparado durante todo 2022.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), até segunda-feira (25), 48 armas deste tipo foram apreendidas. Entre janeiro e dezembro do ano passado, foram apreendidos 22 fuzis.
Na segunda, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), disse ao Blog da Andréia Sadi que o governo Lula (PT) pretende criar uma política conjunta entre Forças Armadas e Polícia Federal para combater a presença de fuzis e outras armas pesadas no Brasil.
“Eu conversei com [Flávio] Dino [ministro da Justiça e Segurança Pública] e queremos uma política conjunta da PF e das Forças Armadas para conter fuzis no Brasil e de armas pesadas também. É preciso padronizar os números de crimes para comparação, é isso que defendo, mas claro que os números são uma tragédia em todo Brasil. E piorou muito no governo Bolsonaro, quando teve o liberou geral de armas pesadas, como fuzis”.
“Somos contra mortes em confrontos e que sejam externas ao confronto e essa é a orientação que estamos transmitindo”, afirmou o ministro Flávio Dino.
Entre 1º e 24 de setembro, já foram registradas pelo menos 46 mortes em confrontos policiais em todo o estado. A proporção é de quase duas mortes por dia em setembro. Segundo o ministro, as forças de segurança pública recebem tanto acusações de excessos, como de omissões.
A maior parte das mortes foram registradas em bairros periféricos de Salvador, como Alto das Pombas, Calabar, Valéria e Águas Claras.
As corporações afirmam que, dos 46 mortos, 45 eram integrantes de facções criminosas ou suspeitos de outros crimes, como homicídios, e houve troca de tiros em todas as situações. Apenas uma vítima, o policial federal Lucas Caribé, não teria ligação com a criminalidade.