A transição energética tem sido pauta constante em diversos fóruns, sendo tema amplamente debatido. Essa temática pode ser caracterizada pela substituição de uma matriz energética tradicional por uma focada em fontes renováveis. As energias identificadas como renováveis são as com baixa ou zero emissão de carbono, como a solar, eólica, biomassa, hidrelétrica e hidrogênio.
Qual é a relevância dessa jornada?
Ao fomentarmos a utilização de energias renováveis, percebemos que a transição energética oferece um meio para a descabornização das economias. Dessa forma ela viabiliza que marcos climáticos como o Acordo de Paris, um compromisso entre a sociedade civil, setor privado e governos, sejam traduzidos para o mundo real.
O acordo de Paris em específico é um compromisso assinado em 2015 por 195 países que se comprometeram a frear o aquecimento global e conter o aumento da temperatura global em até 2ºC.
Assim, os países signatários se comprometeram a reduzir progressivamente as emissões de gases estufa. Com o Acordo de Paris, o Brasil se comprometeu em reduzir 37% das suas emissões de gases de efeito estufa até 2025 e 43% até 2030, considerando ano base de 2005.
O cumprimento deste acordo se torna crítico à medida que as temperaturas seguem se elevando e fomentando eventos climáticos extremos. Em análise publicada recentemente, o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia, revelou que 2022 foi o quinto ano mais quente para o planeta desde o início dos registros.
O relatório afirma ainda que a temperatura média anual atingiu 1,2 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais, marcando o oitavo ano consecutivo de temperaturas pelo menos 1 grau acima do período de referência de 1850 a 1900.
Com esse panorama, a transição energética vem se consolidando como uma tendência ao longo dos últimos anos.
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA) com o crescimento total da capacidade mundial quase dobrando nos próximos cinco anos, se espera que esta ultrapasse o carvão como a maior fonte de geração de eletricidade.
Vale notar que esse aumento é 30% maior do que o projetado recentemente, reforçando a rapidez dos investimentos realizados nesse campo
A importância das fontes renováveis
A própria IEA ainda revela que as emissões globais de dióxido de carbono pela queima de combustíveis fósseis devem aumentar em pouco menos de 1% este ano graças à essa expansão de energias renováveis e veículos elétricos.
Em meio a essa crescente importância das fontes renováveis, a energia solar fotovoltaica está se mostrando um destaque no contexto brasileiro. Afinal, a capacidade de geração de energia solar no Brasil cresceu mais de 60% em 2022, como reportado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica. E com isso, a solar superou a fonte hídrica como segunda maior fonte na matriz elétrica brasileira.
Alinhado com esses objetivos, e de acordo com uma pesquisa da Bloomberg New Energy Finance, o Brasil deve atrair USD 300 bilhões no setor energético até 2040, aumentando em 189% da capacidade de geração atual, sendo 90% proveniente de fontes renováveis.
Diante de todos os compromissos e esforços climáticos mundiais, a transição energética se apresenta como o conceito que viabiliza a descarbonização das economias para que as diversas metas climáticas sejam atingidas nos prazos estabelecidos. E por isso, frequentemente os conceitos são interpretados como sinônimos, mas não são.
O papel da descarbonização
A descarbonização é um passo da transição, o qual consiste na substituição de fontes de energia fósseis por renováveis, conceito que discutimos anteriormente. Porém, podemos falar de mais dois passos da transição: descentralização e digitalização.
A descentralização se refere à energia ser produzida e distribuída em menor escala por pessoas físicas, como é a proposta da energia fotovoltaica através das placas solares. Já a digitalização se refere ao uso da inovação e tecnologias para aprimorar e acelerar o processo da transição energética.
Com todos os avanços em fontes renováveis do setor de energia global e passos mapeados para a transição energética, percebemos que ela é um conceito amplo que abrange desafios e um futuro de energia renovável em linha com compromissos climáticos.
A jornada tem sido positiva e esperamos que continue se desenvolvendo com efeitos positivos e rumo a metas estabelecidas em relação às mudanças climáticas.
Por Renato Eid – Líder de Estratégias Beta & Investimento Responsável na Itau Asset. Na Inteligência Financeira, Eid escreve sobre ESG e investimentos.