O novo presidente do PSDB Bahia, Tiago Correia, confirmou em entrevista ao jornal Tribuna, que a sigla tem planos de continuar na base do prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), em Salvador.
Confira entrevista:
Tribuna – Como é que o senhor encara esse desafio de assumir o PSDB na Bahia, né? Quais são seus planos para o partido?
Tiago Correia – É um orgulho muito grande, não só por estar assumindo a presidência do partido, mas também por estar sucedendo Adolfo Viana, que é um amigo, deputado federal – hoje é o líder do partido na Câmara Federal. E eu acho que desempenhou bem o seu papel, exerce bem o seu papel de presidente. Conduziu para que o partido apresentasse importantes municípios do nosso estado, como Juazeiro, Santo Antônio de Jesus, Mata de São João, Itamaraju, enfim. Entre outros municípios. É uma responsabilidade muito grande também de manter esse trabalho de interiorização do partido, tentar alcançar o maior número de municípios e tentar eleger o maior número de bancadas de vereadores. É manter os nossos prefeitos e ampliar também o número de representações nas cidades do interior.
Tribuna – Feira de Santana está nos planos do partido? Pablo Roberto, que lançou pré-candidatura dele e disse que vai até o fim tentando ser uma espécie de terceira via.
Tiago Correia – Pablo teve um desempenho extraordinário em Feira. Acho que talvez o deputado com uma maior votação em Feira de Santana. Foi uma votação super expressiva. Mostra a força dele no município e o credencia a ser pré-candidato a prefeito. Ele expressa o desejo de ser candidato e nós, como historicamente o PSDB sempre fez, vamos dialogar bastante. Pablo disse que a intenção dele é dialogar até o fim, esgotar o diálogo para tentar construir aí essa candidatura dele a prefeito.
Tribuna – Algumas semanas atrás, a gente viu a informação de que o PSDB se mostrava aberto a conversar com o grupo do governador Jerônimo e até com o próprio governador. Agora que o senhor assumiu, essas chances existem ou retrocederam?
Tiago Correia – O PSDB sempre foi um partido de diálogo, um partido de centro, que sempre conversou com todas as agremiações partidárias, desde a extrema-esquerda, extrema-direita. E acredito que na função de presidente, enquanto representante do partido, eu tenho obrigação de conversar com todos. Agora, posso posicionamento do PSDB na Assembleia legislativa é bastante firme. Nós somos da oposição, temos nossas convicções. Marchamos com o então candidato a prefeito ACM Neto. Agora, é claro que, como sempre fazemos, qualquer diálogo sobre qualquer projeto do governo que venha, se nós entendermos que é bom pra Bahia. Votaremos a favor, como sempre votamos os projetos que consideramos importantes. Existe a divergência. Faremos o contraponto, como sempre fizemos. Claro que colocando as nossas convicções e apresentando por quais motivos nós entendemos que aqueles projetos não são bons, mas o posicionamento da do partido na Assembleia é bem claro. Nós compomos a bancada de oposição.
Tribuna – Em relação à Salvador, o PSDB vai marchar com Bruno Reis? Talvez indicar um nome para vice? Quais são os planos do PSDB para a capital baiana no ano que vem?
Tiago Correia – Adolfo já vinha conversando com Bruno Reis, já tinha dado declarações que eu percebi que marcharia com o Bruno. Nós tivemos uma declaração recente do presidente da Câmara Municipal, Carlos Muniz, também endossando que marchará ao lado de Bruno. Nós compomos a gestão municipal, temos uma secretaria indicada, Secretaria de Gestão. Então, assim, participamos da construção da eleição de Bruno. Estivemos ao lado do prefeito na primeira eleição e marcharemos ao lado de Bruno na próxima eleição municipal. Em relação à vice, que é um assunto que muitos têm perguntado, sempre respondo que acredito que quem vai coordenar essa composição da chapa não pode ser ninguém menos do que o prefeito Bruno Reis. Eu acho que ele escolherá quem será seu vice. É claro que nós temos uma vice que é do PDT, a amiga Ana Paula Matos, que vem desempenhando um papel importante no município, já ocupou diversas secretarias e, claro, está credenciada para continuar no cargo agora. O PSDB também estará na mesa sentado e tem bons nomes para apresentar. Mas como eu falei, eu acho que essa composição será capitaneada pelo prefeito Bruno Reis.
Tribuna – O senhor acha que esse tema da segurança pública e violência na Bahia, principalmente, vai ser um tema na eleição, na campanha do ano que vem?
Tiago Correia – Esse problema da segurança na Bahia é muito grave. Ele ganhou uma dimensão nacional. Hoje, todos os veículos de imprensa nacionais noticiam e acompanham. Essa onda de violência no nosso estado se arrasta já há alguns anos. A Bahia vem como estado mais violento há alguns anos. É claro que na eleição os discursos ficam mais aflorados e com certeza isso deve ser um dos pontos a serem tocados. Agora, eu não acredito que na campanha municipal essa seja uma pauta que vá interferir assim, de uma maneira significativa. Eu acho que na campanha municipal a gente vai pensar mais no município, nos avanços que foram conseguidos na gestão. Nós temos uma cidade totalmente repaginada. Se olharmos antes e depois de ACM Neto, Bruno deu conta do recado. Vem imprimir o seu ritmo de trabalho, continuando as entregas, continuando os investimentos. Então, a gente acredita que talvez essa continuidade deve ser a pauta principal da campanha eleitoral do ano que vem.
Tribuna – E até o momento, qual a sua avaliação do governo Jerônimo Rodrigues de modo geral?
Tiago Correia – Acredito que o governador recebe o governo com uma série de indicadores negativos – como, por exemplo, a educação, a segunda pior do país. Também tem a violência, o estado mais violento e com número de residências em condições precárias. Número de pessoas em extrema pobreza, o maior do país. Número de analfabetos adultos, o maior do país. Enfim, uma série de indicadores muito ruins, porque de certa forma lança para ele um desafio de tentar melhorar. Ele herda uma estrutura de governo que vem se arrastando já há 16 anos, que de certa forma não conseguiu modificar esses indicadores. Então ele vai enfrentar um grande desafio de tentar fazer com que essa turma pense um pouco diferente – afinal de contas, se continuarem pensando em igual, como pensaram durante 16 anos, os indicadores não vão mudar. Então ele tem o desafio de tentar imprimir o seu ritmo, tentar imprimir o seu modelo de gestão e tentar fazer algo diferente para que a Bahia avance e não continue ocupando esses piores indicadores.
Tribuna – Qual a meta do partido para o estado em termos de números de prefeitos que o que O PSDB pretende não só lançar, mas também eleger?
Tiago Correia – Me fizeram essa pergunta. Eu até brinquei, vamos tentar eleger 417 prefeitos. Aliás, vamos abrir só para Salvador, para Bruno. Mas é uma brincadeira, claro. A ideia é tentar ampliar o número de prefeitos, tentar ampliar o número de vereadores e a presença do partido – sabendo que em alguns municípios o partido ainda não tem sequer o diretório representado. Uma alteração da legislação eleitoral agora nesse ano limita o número de candidatos ao número de vereadores do município. Por exemplo: o município que tem 13 vereadores, cada partido vai poder inscrever apenas 14 candidatos. Então, os partidos estão sendo mais assediados. As composições existentes muitas vezes estão sendo desfeitas para fazer novas composições com mais partidos. Então a gente acredita que isso ajuda o partido em já ter sido procurado por diversos grupos de municípios diferentes, tentando montar esses diretórios municipais justamente por essa alteração na legislação eleitoral. A nossa ideia é tentar estimular com isso no maior número de municípios possíveis para que o partido consiga se fazer presente, elegendo o maior número de vereadores e o maior número de prefeitos possíveis.
Tribuna – Comentou-se que agora que o senhor assumiu como presidente do PSDB, se colocaria numa situação muito mais favorável para quem sabe, disputar a presidência da Assembleia. Essa possibilidade existe?
Tiago Correia – Eu acho que o jogo que é jogado dentro da Casa, é muito mais do diálogo entre os colegas do entendimento. Nós sabemos que o governo tem uma bancada mais numerosa do que a da minoria, então a tendência é que um candidato da base do governo seja eleito é maior. Mas é claro que, como eu falei, são conversas, muitas vezes individuais. Então acho que tudo pode acontecer. Ainda é cedo? É, mas é claro que a oposição deve apresentar um nome. A gente deve entrar em consenso e construir essa caminhada, esperando também para ver quem vai ser o nome apresentado pelo governo. Ainda está tudo muito incipiente. Essas conversas começam a acontecer agora, então a gente ainda não tem sinalizações claras, mas desacredito que o fato de ser presidente do partido não ajuda nem atrapalha na condução desse processo.